quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

SEM MANIQUEÍSMO


          Assim que foi noticiado que as eleições para prefeitos e vereadores em 2016 não seriam por urna eletrônica, postei logo no face de que isto era “fake”. Senti que aquilo não era nada mais do que o “bode na sala” solto pelo judiciário para não ter contingenciada a verba para o seu poder. Me arrisco agora a prever também, com um pouco mais de antecedência que a presidente Dilma não sofrera impeachment. Pelo menos pela via que a maioria está esperando, pelo pedido de Hélio Bicudo. Considero impossível a atual governante não conseguir míseros 171 deputados para salvá-la. Mesmo com o número cabalístico e com os índices de impopularidade de 70%, o fisiologismo e uma caneta com bastante tinta na mão da governante à salvará do afastamento. O mesmo porém não se pode dizer de sua salvação por parte do STE ao examinar as suas contas eleitorais. Mesmo a trupe do PT repetir incessantemente de que as contas foram todas contabilizadas regularmente, existe muita coisa mal explicada e o número de escândalos revelados pela Lava Jato, está dando muita munição para que se descubra o porquê que as contas da atual chapa vencedora foram aprovadas, mas com ressalva.

          Questionado em entrevista a rádio Guaíba por Juremir M. da Silva sobre o texto que havia escrito pedindo novas eleições após a posse de FHC, o Sr. Tarso Genro alegou que foi apenas uma figura de linguagem e que jamais pediu o impeachment do presidente. O assunto, inexplicavelmente morreu ali, não houve por parte do entrevistador nenhum ânimo em contra argumentar de que o seu partido, o PT, havia feito o referido pedido. Qual teria sido o motivo que levou o indagador a não levar em frente o assunto eu não sei, mas quero acreditar que tenha sido um lapso de momento, pois, falta de informação certamente não foi devido a imensa cultura que ele tem e quero crer que alinhamento político também não tenha sido. Pelo menos me esforço para pensar assim.

          Que seja atribuída a cada um a culpa que lhe é devida e que os méritos também sejam distribuídos para aqueles que merecem e não àqueles que se arvoram merecer. O governo, na ânsia de diminuir as despesas e evitar a quebra total da nossa previdência, vem negando direitos para trabalhadores que os merecem. É o caso da desaposentadoria, em que o trabalhador após aposentar-se segue não só trabalhando, como contribuindo para a previdência compulsoriamente. Quando para de trabalhar novamente tem a sua contribuição desconsiderada. Para diminuir os pagamentos, o que o governo deveria fazer era cortar benefícios daqueles que recebem da previdência incrementos nos valores à ele pagos sem ter contribuído na mesma proporção. É o caso de filhos de agricultores que tem o tempo de contribuição aumentado em até seis anos, sem ter para isto contribuído. Ou seja, se nega a quem contribuiu para poder abonar aquele que não contribuiu na mesma proporção.

          Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. O nosso país está passando por uma assepsia em matéria de moralidade. Crimes que eram cometidos impunemente, sem o menor constrangimento e sem o menor pudor e com a certeza da impunidade, hoje são alvo de operações dos órgãos responsáveis que estão fazendo com que contraventores sejam levados a julgamento e até presos. O ônus disto tudo é que, devido a importância das pessoas e empresas envolvidas, o nosso país praticamente parou. Se estas medidas tivessem sido tomadas no nascedouro dos crimes, muitos deles teriam sido evitados e o trauma não seria tão significativo. Os desvios de dinheiro em estatais, por pessoas físicas e jurídicas entrou em uma espiral ascendente em matéria de valores que chegou ao ponto de praticamente quebrar uma estatal petrolífera. Deixando o maniqueísmo de lado, temos que ter o bom senso de não atribuirmos toda a culpa ao atual governo e nem de atribuirmos somente a ele as virtudes de estarmos fazendo os referidos ajustes morais no nosso Brasil. Assim também penso não podermos atribuir todos os desvios de conduta a membros do governo e nem a totalidade do incremento nos referidos mal feitos. Não precisaríamos estar vivendo tudo isto, bastava aos governos anteriores ter facilitado a ação dos investigadores e ao atual, não ter agido de forma populista para ganhar as eleições, e estaríamos em uma situação bem mais cômoda durante este período de ajustes. Não seria nenhuma marolinha, mas também não seria uma tempestade perfeita.

Afonso Pires Faria, 17 de dezembro de 2015.

4 comentários:

  1. O "mote" da propaganda é criar uma necessidade e expô-lá da forma mais exuberante possível, a ponto de torna-lá muito importante. Depois de convencidos de seu "surreal" motivo, o "gado" o comprará, mesmo sabendo o quanto é amargo o chá de cancorosa. Tem algo de importante nisso. O que não pode, mesmo sendo o promotor do produto, é dizer, depois que foi mal compreendido.

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    1. Obrigado pelo comentário, fico contente em receber subsídios para futuras postagens.

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  2. Concordo com os comentários Afonsinho, chamo a atenção, quanto ao primeiro parágrafo, em encarnado, que a opinião publica no Brasil, por desconhecimento ou má-fé, quer o impeachment da Presidenta em razão (política) do seu (1) péssimo governo e em razão (moral) da (2) enfiada de escândalos. Nem uma, nem a outra das razões são jurídicas. Creio que, como dissestes, o TSE e, agrego, o TCU, terão papeis relevantes no futuro político imediato do país. Desses dois lugares podem sair razões jurídicas robustas para um processo (com fundamento jurídico-constitucional) de impeachment. Quanto ao mais, Tarso propôs um golpe em FHC, sabendo-se sem argumentos sérios para tanto, quis jogar o jogo político (asqueroso) da crítica fácil e sem responsabilidade - quis desestabilizar o governo da época e se apresentar como um legítimo player no tabuleiro. Deu no que deu... Infelizmente, ao meu ver pessoal - e isso é opinião política minha - vivemos nessa desgraça de regime político que é o presidencialismo. Fosse o Brasil parlamentarismo e um governo destes que é um cadáver insepulto já teria recebido as honras fúnebres que merece.

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  3. Obrigado Pongo, pelo comentário. Concordamos com muitos pontos de vista. Sinto-me prestigiado com os teus comentários.

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