Naqueles tempos a comunicação era escassa. Televisão não existia e
rádios eram muito poucos. Os jornais chegavam as cidades do interior com uma
semana de atraso. Algumas crendices regionais perpetuavam-se por décadas. Algum
subterfúgio utilizado para se tirar proveito de algum fator, levava muito tempo
para ser desfeito e, quando esclarecido, somente alguns poucos tinham acesso ao
seu desvendar. Assim foi, por exemplo, como o fato de que a ingestão de certos
alimentos em combinação com outros era letal. Para preservar a uva, alimento da
nobreza, criou-se o mito de que consumida com leite, por exemplo, fazia mal.
Para demonstrar o fato, reza a lenda que um senhor de escravos fez um de seus
escravos comer um cacho de uvas e depois deu-lhe leite envenenado. Após a sua
morte, ficou tácito a letalidade da mistura. Foi sacrificado um escravo. Muitos
hoje, ficam apavorados com a crueldade do fato. Pois não é que agora, com toda
a informação de jornais diários, rádio, televisão e internet, para se vender
uma vacina, se criou o mito de que o medicamento que poderia amenizar a
consequência da ação de um vírus, não tinha nenhum efeito. Quantas vidas
deixaram de ser salvas? Quantos serão punidos? O artífice do envenenamento do
escravo certamente foi considerado, após a descoberta, como um crápula. Os
donos dos laboratórios e os defensores do uso abundante da vacina, poderão ser
indicados para prêmios internacionais.
O ministro Barros, entrou em uma relojoaria para comprar uma joia.
Foi muito bem recebido pelo dono do estabelecimento que, orgulhoso com a
presença de tão ilustre personagem, falou ao magistrado que ele poderia
escolher QUALQUER, relógio para seu uso. Este, pegou o mais caro deles e saiu
todo contende. Mesmo antes de entrar no seu veículo oficial preto, com
motorista e segurança, foi-lhe dado voz de prisão por um militar que apareceu
do nada. Foi preso por furtar o relógio. E de nada adiantou dizer que lhe havia
sido dado permissão para escolher QUALQUER objeto. Ele, certamente não aprendeu
que “qualquer”, significa somente aquilo que o dono do estabelecimento julga
conveniente. Pois qualquer semelhança com o que fizeram os suínos para com um
deputado, não é mera coincidência.
Afonso Pires Faria, XXVI. IV. MMXXII.