terça-feira, 27 de março de 2012

ENXUGANDO GELO

ENXUGANDO GÊLO.

            Recebi recentemente uma solicitação para participar de um abaixo-assinado de iniciativa popular sobre crimes de trânsito que envolvam a embriaguez ao volante, que será enviado ao presidente do congresso nacional.  Certamente a comoção popular fará com que se chegue fácil ao número de assinaturas que for necessário para se criar uma nova lei que puna com mais severidade,os motoristas embriagados, envolvidos em acidentes com vítimas.
            Não assinei. Alguns podem até pensar que sou contra a punição, mas não se trata disso não.  Sou sim é contra a criação de leis inócuas. O que deveríamos fazer é suprimir as já existentes, e que eximem os culpados da culpabilidade. É proibido dirigir embriagado. Esta é uma lei, mas também existe outra que diz que nenhum cidadão é obrigado a produzir provas contra si. Pronto, está criado o imbróglio judicial que, até que se prove quem tem razão, as penas já prescreveram.
            Criar mais leis, e leis sem aplicabilidade, é dar razão a permanência dos 513 deputados e 81 senadores, que lá em Brasília se estabelecem às nossas custas. O maior número de parlamentares, com o maior custo do mundo. 10 milhões de reais por ano por parlamentar, contra 2,9 do segundo colocado. Também talvez, estimulando a criação de novas leis, estaria eu estimulando, no futuro, a criação, quem sabe, de um novo ministério, para somar-se aos 38 já existentes, cada um com, em média 14 gabinetes e 37 divisões, assessorias, departamentos etc...
            Não sou um anarquista, mas também não posso deixar de concordar com alguns ditames de tal ideologia. Em “A desobediência civil” de Henry D. Thoreau, algumas citações, me dão razão, tais como: que o governo, muitas vezes, mais apoia um empreendimento, quando sai da frente, e que mais conveniente é o governo quanto deixe em paz seus governados.
            Então, criarmos novas leis para que? Para frustrarmos-nos ao vê-las, no outro dia sendo descumpridas? Ou para mais tarde sabermos que no dia seguinte foi criada uma outra, que a anula? Ou para vermos, mais tarde a justificativa da criação do ministério da fiscalização das leis com seus departamentos, gabinetes e secretarias. É tiro no pé, meus amigos, ou simplesmente estamos enxugando gelo.
Afonso Pires Faria – Caxias do Sul – 27.03.2012.

segunda-feira, 19 de março de 2012

SUREP

SUREP
          Pois a coisa teve início lá pelos idos de 1973. Éramos aproximadamente uns 15 jovens, que nos reuníamos eventualmente para tomar uns tragos. A coisa foi ganhando corpo e resolvemos fazer uma “sociedade”, a Sociedade Unida & Reunida Entre Perus, que resulta em “SUREP”, que também é Perus, se lida de trás para frente.
          A vó Chica, nos permitiu a utilização de parte do galpão dos fundos da sua casa, na rua Clemenciano Branasque, 1513. E pomos mãos à obra em fazer as devidas reformas estruturais. Pintamos e adaptamos as nossas necessidades, o local. Ficou “o fino”. Compramos geladeira e fogão e montamos uma espécie de meia-parede de taquara em um canto de uma das peças e fizemos daquilo, o que chamávamos de barzinho.
Os primeiros recursos, foram fruto do nosso trabalho de vender carnês do Inter para amigos, familiares de São Sepé e até em Formigueiro. E não adiantava ser do grêmio, tinha que vender igual. Não foi muito o dinheiro auferido mas somados uma mensalidade que cada um dos sócios pagava, nos permitiu montar na peça do bar,uma boate. Não era, naquela época, qualquer boate de Caçapava, São Sepé ou Santa Maria que tinha luz negra. A nossa tinha.
          Entre adesões de última hora e abandonos prematuros, o grupo era formado pelos primos Tita (presidente), Rodrigo, Afonsinho, Gilberto, Tairo, Leônidas, Felix, Bira,e Maria Joana, o tesoureiro era o Toninho, (que trabalhava, e trabalhava no escritório despachante do Xuxa, o que lhe dava totais credenciais para exercer o cargo). Depois tinha mais o Claudio, o Zézo, Vânio, Macau, Sinval, e o Cleon.
Não durou muito a Surep, pois os participantes foram-se embora da cidade e a coisa foi se esvaziando.          Passaram-se alguns anos e um dos elementos teve a brilhante ideia de tentarmos nos reunir novamente. Assim em 2002, saiu a primeira, na casa do Seu Armindo, pai do Claudio. E de posse da nossa carteira de sócio, nos apresentamos, comemos alguma coisa, bebemos bastante, como de costume e lembramos de algumas passagens engraçadas que ocorreram conosco.
          Eu ficaria aqui escrevendo, páginas e páginas sobre o que ocorreu durante nossas reuniões pós e na Surep, regadas a wisque de qualidade duvidosa, ou péssima qualidade mesmo. E esperando poder participar do próximo encontro, espero manifestação dos participantes.
Afonso Pires Faria – Caxias do Sul, 19.03.2012.

SUREP - Foto primeiro encontro - 2002

SUREP - Carteira de sócio.


segunda-feira, 12 de março de 2012

COMPORTAMENTOS E CONFLITOS.

          A um tempo atrás tive um desentendimento com um vizinho de apartamento, pois um parente meu utilizou a sua garagem. Fui admoestado por ele que disse “é difícil”. Na hora não falei nada, mas depois eu pensei que deveria ter dito a ele, que não é difícil não, é só cada um aprender a respeitar o espaço do outro.
Eu havia me enganado de garagem, mas para o vizinho, isto não lhe dizia respeito, eu estava errado e reconheci o erro. Ficou somente o mal estar.
            Conto este episódio para o presente, para citar uma frase dita pelo ex-prefeito Pepe Vargas, ao ser nomeado ministro do desenvolvimento agrário. Disse ele que: “Não podemos transformar os conflitos no campo, em caso de polícia”. Concordo com ele, assim como não concordei com meu vizinho quando disse que a coisa era difícil. Se soubermos respeitar o espaço um do outro, não haverá nem necessidade de conflito.
            Mas se houver algum conflito, sim o Estado deve intervir. Esta é a origem da formação do Estado, impedir que se transforme a sociedade em selvageria, e para isto ele tem o monopólio do uso da força.
            O ditado sábio diz que “violência gera violência”. O problema é que este, só é visto como tal, quando alguém está se defendendo e não quando está atacando. Vai mal o nosso país, vai mal. Enquanto tivermos subvertendo a ordem e invertendo valores.
Afonso Pires Faria – Caxias do Sul – RS – 12.03.2012.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A COMISSÃO DA MEIA VERDADE.


            Estamos tentando, no Brasil, reescrever a nossa história. Houve, sabidamente, nos últimos anos, diversas tentativas de implantação, no nosso país, de um regime comunista. Todas elas frustradas. Mas a frustração foi apenas parcial, pois os derrotados souberam tirar proveito de seu fracasso político, transformando-o em vitória financeira.
            Seria atenuante, o crime cometido contra um ser humano, se este fosse cometido em nome de uma causa? Se o é, devemos levar em consideração qual a ideologia desta causa? O que causa mais dor a uma família, ver um membro seu ser assassinado com vários disparos de arma de fogo, ou saber que ele foi torturado? Se é que a tortura causa mais dor do que a morte será correto premiarmos o que matou e punir o que torturou?
            Pois no nosso país, a primeira parte, já foi feita, agora esta se lutando para se fazer a segunda. Aqueles que fracassaram na tentativa de implantar um regime comunista no Brasil, cometendo vários crimes para isto, já foram considerados heróis e receberam polpudas indenizações pelos roubos, e crimes cometidos. Agora, não satisfeitos com isto, querem imputar aos que evitaram o desastre, a pecha de crime, ao que era na época a defesa da pátria.
            Se fosse por liberdade que os nossos pretensos heróis lutavam, alguém trocaria a liberdade, hoje existente no nosso país, pela hoje existente nos países que financiaram as suas pretensões, como Cuba, Pequim e Moscou?
            Uma luta armada somente se justifica, quando queremos trocar uma forma de governo por outra. Se fosse uma ditadura que queriam combater, seria em países democráticos que deveriam procurar ajuda. Mas o que se queria para o país era um regime semelhante ao daqueles que patrocinavam os revoltosos, que felizmente não obtiveram êxito. Pelo menos políticos.

Afonso Pires Faria.
Caxias do Sul – 24.09.2011