Não
faltam elogios a um defunto na beira de seu caixão. Isto se exacerba quando
perto está um parente próximo do finado. Não esperemos a morte de quem bem
queremos para demonstrar apreço e ele. A lógica diz que os nossos ancestrais
morrem primeiro que nós, portanto tendemos a perder os avós, pais e tios, antes
dos irmãos, primos e filhos. Mas nem sempre é assim. Já perdidos todos os avós,
me restam somente duas tias, uma por parte de pai e outra de mãe. Quero referir-me
a esta. Das cinco irmãs da minha mãe, variavam os comportamentos e
personalidades. Divertidas, abonadas, arredias, indiferentes e a que sobrou. A
tia Aurea, sempre foi a mais ajuizada, não podia se dizer que era a que atraia
a atenção por fazer os outros rir, não era a que tinha as melhores condições
financeiras, poucas vezes se irritava, mas sempre foi alegre, procurava presentear
os sobrinhos com algum mimo interessante, dificilmente se viu falar que se
irritou com facilidade ou guardou mágoa de alguém e também nunca ficou
indiferente aos pleitos que lhe era apresentado. Os netos da vó Chica e vô
Batista, se reuniam de dois em dois anos para confraternizarmos. Infelizmente,
por motivos de força maior, o último foi cancelado. Era a única tia presente.
Claro que eu não posso desconsiderar as “tias tortas”, assim chamadas as que
não são de sangue, mas as escolhidas. Neste quesito são as mais importantes.
Mas façamos um esforço para que não tarde o nosso próximo encontro. Já estamos
perdendo primos infelizmente. Não aguardemos novas baixas. Oremos para que o
encontro possa se viabilizar o mais próximo possível.
Afonso Pires Faria, 23.10.2021.