quinta-feira, 7 de outubro de 2021

AUTORIDADES E AMIGOS.

 

Lembro que quando eu era criança, tinha medo do guarda noturno. Ele fardado, com um cassetete na cintura e um apito na boca, para mim soava como autoridade. Depois me dei conta que ele era apensas um civil igual aos outros, que era pago por alguns moradores da rua para lhes dar aparente segurança. Soube então que autoridade no município, eram os policiais civis e militares, estes sim, investido de autoridade pela lei. Fui me tornando um cidadão mais consciente e me dei conta que eles eram também nossos serviçais e que também nos deviam respeito. Tinham do seu lado a lei, esta sim acima de qualquer contrariedade. Ninguém pode desrespeitar a lei, nem a autoridade que é paga para fazer cumprir o que nela diz. Achei que estava consolidado os trâmites legais da convivência em sociedade. Cumpra-se a lei e tudo estará correto. Fiquei sabendo a posteriori que estas, poderiam ser modificadas e que somente os representantes do povo é teriam esta atribuição. Dentro do cabedal legalista, existe uma hierarquia simples a princípio. Uma lei municipal não pode ir de encontro a uma estadual, que não pode descumprir o que diz uma federal e acima de todas elas, está a nossa Constituição Federal. Esta, para ser modificada requer severas condições. Quando pensei que estavam consolidados os pilares do nosso ordenamento jurídico, eis que surge um fato estranho no mundo que veio a afetar consideravelmente os comportamentos sociais e até as leis. Mesmo estando escrito na lei maior de forma clara que o cidadão tem direito a agir de uma forma, basta um Ministro, que tenha motivos que não sabemos quais, decretar que se faça o inverso do que deveria ser feito, que se cumpra o que foi dito e não o que está positivado. Se houver desobediência, o descumpridor da ordem “divina” sofrerá severas punições.

 

Temos conhecidos que vemos quase que diariamente e sequer o cumprimentamos pois não temos nenhuma afinidade com eles. Estes também não nos conhecem, se não de vista. Alguns, com os quais já tivemos algum contato, são merecedores de uma saudação quando vistos, mesmo que de longe. Temos pessoas com as quais por um longo tempo tivemos longas conversas em mesa de bar ou mesmo na rua que, por um motivo ou outro nos afastamos deles e, depois de longo tempo talvez até nem o reconhecemos quando visto em um local diferente do que habitualmente conversávamos. Estes fatos podem acontecer com colegas de aula ou de trabalho. Passa o tempo e perdemos contado. Talvez quando vistos, estes colegas ou conhecidos, um se lebre do outro sem ser reconhecido. Estes desencontros são bem mais difíceis quando o outro é um amigo. Sim um amigo não deve ou não deveria ser esquecido. O problema é a correspondência da amizade que nem sempre tem a mesma intensidade por uma das partes. Ser desprezado por alguém que julgávamos ser um amigo, causa uma dor que é muito difícil esquecer.

  Afonso Pires Faria, 07.10.2021.

Nenhum comentário:

Postar um comentário