O comandante era
aquele que tinha mais força e menos escrúpulos para vencer quem se atravessasse
no seu caminho. Este era aprisionado ou até mesmo morto, sem que houvesse
qualquer censura ou penalidade ao assassino. Mas isso ocorreu nos tempos
pré-históricos em que o homo sapiens sequer tinha uma forma própria de
comunicação entre eles. O ser humano foi evoluindo, mas ficaram alguns
resquícios de autoritarismo até nos tempos antes de Cristo. Sócrates foi
condenado a morte por colocar em dúvida as ideias vigentes, mesmo sem tê-las
contestado. As simples perguntas sobre as coisas o condenaram a morte por
envenenamento. Os tempos evoluíram e as atrocidades governamentais mudaram suas
formas de ação. Os governantes, para cometer atrocidades, primeiro teriam que
conquistar a confiança do seu povo, daí sim estaria mais autorizado a
transgredir. Foi assim que um chanceler de um país ariano, que estava em
dificuldades econômicas, convenceu seu povo de que, como ele havia salvado o
seu país economicamente, também o salvaria moral e socialmente. Em nome da
causa segregou parte da população e, usando métodos de propaganda, praticamente
impediu que houvesse uma reação interna. Parece que se fechou o círculo e em
apenas uma década, a roda da história está dando a volta. Em breve, aguardem,
estaremos sendo guiados pelos menos escrupulosos. Não podemos contestar mais o
que eles dizem. Se, simplesmente indagarmos, da veracidade do que nos dizem,
somos excluídos. Fazem e alteram leis a seu bel prazer, sem que se siga o
devido processo legal. Tudo em nome de uma causa: o comunitarismo. Quem não
aceitar as regras, mesmo que inconsistentes, estará sujeito a penas severas. Já
esta ocorrendo, só que não podemos falar.
Afonso Pires Faria, XXII,I,MMXXII.