Sou contra a punição
de qualquer um, por proferir qualquer critica a qualquer pessoa. Se um racista
chama um negro de macaco, o ofendido deveria, em vez de processá-lo, pedir para
ele fazer a declaração em mais alto e melhor som para que uma multidão tomasse
conhecimento de quão idiota ele é. Se criminalizarmos algumas formas de
manifestação, abre-se precedente para outras. É assim que está agindo um dos
ministros do STF porque se sentiu ofendido. Se o negro tem orgulho de ser
negro, em nada desabona sua classe se assim for chamado. Alega-se que a palavra
pode ser em tom pejorativo, dependendo da circunstancia sim, isso é diferente
mesmo. Mas se um ministro é incapaz de decifrar uma simples palavra
corretamente, e é declarada esta sua deficiência, acha-se no direito de
processar o divulgador. Fazem questão de demonstrar a sua ignorância, e quando
vem a público, ficam ofendidos.
Alguns brasileiros estão saudosos das antigas manifestações que
aconteciam no nosso país. Sim, aquelas eram bem mais contundentes e vibrantes.
Mas algumas delas ficaram mais incendiárias. As manifestações políticas,
perderam a contundência. Ficaram mais ordeiras e, na maioria delas, não
acontecem depredações. Estou me referindo as manifestações de cunho político.
Já as de cunho social, que antes eram até divertidas, como as paradas gays,
hoje são um verdadeiro circo dos horrores. Os travestis se travestiam e
demonstravam a feminilidade dos seus corpos sem tentar agredir a sociedade. Um
respeitava o outro e o outro admirava o um. O que era uma demonstração passou a
ser uma manifestação e agora é uma imposição. Já o que era uma manifestação
política, alguns grupos utilizam como uma reivindicação de direitos e agora uma
obrigação de se implantar as suas ideias.
Alguns
cidadãos infratores da lei, são condenados a 20 anos de reclusão, pena esta que,
pressupõe-se ser proporcional ao crime cometido. Alguns destes, por possuírem
bons e caros defensores, cumprem apenas um décimo da pena e são colocados em
liberdade. Esta, não é a sorte de todos os elementos que são expostos aos
julgamentos. Os desvalidos muitas vezes cometem delitos que lhe cabem pena de 2
anos e, por não possuírem recursos para se defender, não raras vezes cumprem
mais tempo do que o previsto. Nossas leis são complacentes com os ricos. Mas se
tentarmos inverter estes valores, inexplicavelmente, são justamente os que se
dizem defensores dos mais fracos que se manifestam contra.
Aquele que se diz defensor da justiça social nada mais é do que
um promotor da injustiça para o povo.
Afonso Pires Faria, XXVIII.VI. MMXXII