Platão em seu “mito do
cocheiro” comparava os comportamentos humanos como a de um cocheiro conduzindo
uma biga com dois cavalos, um de boa qualidade e outro de má. Quando se
necessitava chegar a algo valoroso, o cavalo desqualificado impedia o bom a
alcançar o objetivo e era puxado para traz. Cabia ao condutor usar a força para
que se alcançasse o que se objetivava. Qualquer semelhança com o que vivemos no
nosso país agora, não é mera coincidência. Espero que não seja necessário o uso
do chicote para amainar a má ânsia dos que desejam o mal do nosso país.
Façamos um exercício
simples: Se tivermos um número de 10 pessoas, e tivesse que fazer uma doação a
eles, o que tu preferiria, dividir R$ 100.000,00 onde 2 ficassem com 50%, 4 com
30% e os outros 4 com apenas 20%. Ou optaria por dividir R$ 10.000,00
igualitariamente? O socialista não titubeará em escolher esta e não aquela
opção.
Um ente poderoso e autoritário,
paga capangas para extorquir de ti, parte do que produzes para que ele se
mantenha vivo e atuante. Somente a sobra do butim ele devolve igualitariamente
com os que contribuíram, ou não, para o monte. Os que recebem os restos chamam
de “povo”; o subtraído, de empresário; os capangas são os funcionários
públicos; e o Estado, é o que manda em toda a organização.
É cruel termos que assistir a pessoas presas dentro de uma
viatura, passando fome, sede e sentindo frio ou calor. Tudo isso porque não
temos presídios suficientes para acomodá-los. Optamos por construir escolas em
vez de presídios, como se uma coisa inviabilizasse a outra. Assim, não se
constroem escolas e nem presídios, mas o ditado ameniza a incompetência estatal
que forma cada vez mais, analfabetos funcionais, saídos das poucas escolas que
foram construídas com o que sobrou do desvio de verbas que foram para os bolsos
dos políticos corruptos.
Façamos um exercício de
coerência. Se um cidadão for preso, acusado de um crime que alega não ter
cometido, e futuramente surjam provas de que, de fato, o crime não tenha, sido
cometido por ele e sim por outro, é justo que o real criminoso seja punido e
absolvido o inocente. Também, na atual legislação, é plausível serem
consideradas imprestáveis, as provas adquiridas de forma ilegal, por exemplo,
uma confissão sobre tortura, física ou moral. Tudo isso, em nome da segurança
do cidadão. Mas não podemos, sob a alegação de justiça, considerar qualquer
ilicitude cometida pelo agente da lei, anterior ao seu ato, como justificativa
para anular o seu trabalho. Supomos que o criminoso foi capturado pelo
policial, que para o sucesso de sua operação, tenha se afastado do local do seu
trabalho, ou que no momento da captura tivesse atravessado a rua, fora da faixa
de segurança para pedestre. Estaria o criminoso isento do seu crime por isso?
Afonso Pires Faria, 27.07.2019.