Quando ainda era escasso os recursos para nos livrarmos
dos animais que nos importunavam a vida, utilizava-nos de métodos rudimentares.
As moscas, por exemplo, eram atraídas para uma superfície pegajosa, com um suco
adocicado. Seu instinto animal, não permitia prever o perigo que lhe aguardava.
Porcos selvagens, que depredavam as lavouras em busca por alimento, também
necessitavam ser eliminados. Para caçá-los, eram produzidas armadilhas que
deveriam ser mais dissimuladas do as das moscas, pois estes eram animais mais
ardilosos e muitas vezes, previam o perigo, desviando-se dele. A forma era, aos
poucos, fazer com que eles fosse se acostumando com o ambiente e deixando de
tomar tantos cuidados. No início disponibilizava-se o alimento, e na frente
havia um anteparo, ficando assim três flancos desguarnecidos, e o animal não
via ali nenhum perigo. Aos poucos fechava-se mais um, e outro. Acostumado com a
alimentação fácil e, aparentemente sem risco, os animais iam em busca do
alimento farto, em bandos. Quando estavam em número aceitável, o caçador
bloqueava a saída e o bando ficava preso. Nota-se que as técnicas de captura,
sofisticam-se na proporção de que o animal a ser capturado possui maior
discernimento em métodos de defesa. Mas o ser humano, como captura-lo? Não
seria com doce e nem com simples arapucas. Não, para este tem de se ser mais maquiavélico,
mais ladino e até menos escrupuloso de certa maneira. Um pouco de psicopatia, e
instinto criminoso se faz necessário também. Como então fazer para tornar
escravo o seu semelhante agora, já que os métodos primitivos de simples captura
não são mais aceitáveis? Simples. Primeiramente usamos a mesma técnica que foi
usada para o aprisionamento dos animais um pouco mais espertos. Oferecemos
alimento fácil, seguido de mais alguns atrativos semelhantes aos das moscas,
tais como cuidados extras, já que o ser humano não tem no simples atendimento
de suas necessidades primárias um grande atrativo. Após bem alimentado e
cuidado, a certeza de sua docilidade confirmada, e também a confirmação de que
não haverá reação nenhuma, pois lhes foram tolhidos todos os meios de defesa,
constata-se que a vítima está completamente dominada. Qualquer semelhança com a
chamada política de bem-estar social pregada pela social democracia, não é mera
coincidência.
Afonso
Pires Faria, 04.07.2019.
Parabéns pelo texto.
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