sexta-feira, 1 de outubro de 2021

FUNDO DO POÇO.

 

Vejam como são as coisas. Os modismos no vestuário e as mudanças comportamentais são vistas naturalmente e sem muita imposição ou espanto. Não são escondidas, e sim divulgadas. Mas existem algumas formas de comportamento que são praticamente impostas e que nós não temos discernimento de percebê-las. Eu ficava irritado quando ouvia nos meios de comunicação falado, o excesso do uso da expressão “com certeza”. Ninguém era capaz de iniciar a resposta de um questionamento que não utilizasse esta maldita expressão, mesmo que depois viesse em complemento o “eu acho que”. Ficava assim: - com certeza, eu acho que .... Paradoxal não é mesmo. Agora veio o modismo do “a gente”. Extirpou-se do nosso vocabulário os pronomes pessoas eu, tu, ele, nós etc. Tudo é a gente. Isto não escapa nem dos mais letrados. Agora se ouvirmos um cidadão comum falando sobre qualquer assunto, e lhe suprimirem as expressões “a gente”, “aí” e “né”, ele fica praticamente mudo. O pior é que pode piorar, e está piorando. Vejam que o que era normal ser utilizado como chacota, agora ficou proibido. Falo das expressões de cunho racista, feminista e de gênero. Negrão, mulherzinha e veado, passaram a ser crime. Foi proibido e não nos importamos. Basta não utilizar e nos safamos do castigo. E quando tu achas que chegamos no fundo do poço, olhamos para baixo e eles continuam cavando. Agora querem nos obrigar a utilizarmos algumas expressões que já foram deturpadas com a supressão dos pronomes pessoais para uma neutralidade de gênero. Em breve tu serás castigado se utilizares eu eles. O correto é “elis”. E não se discute mais. As aberrações linguísticas chegaram a tanto, que um profissional da comunicação esportista é capaz de pronunciar a frase “o Flamengo perdeu do Grêmio em pleno Maracanã, com o estádio completamente lotado”, sem sequer ruborizar-se ou ser admoestado por nenhum de seus colegas.

 

       

Tenho evitado me aproximar de pessoas das quais eu suponho estarem, pelo menos temporariamente, perturbadas mentalmente. Creio que tudo isso passará e eu volte a me aproximar delas. Isto já aconteceu comigo a bastante tempo atrás. Só não foi tão dolorido como agora pois muitos dos que estavam errados, voltam a errar. Pior. Alguns que estavam no lado certo da trincheira, mudaram de lado. Justamente agora que os fatos são muito mais reveladores para se escolher o lado certo.

Afonso Pires Faria, 01.10.2021.

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