sábado, 8 de abril de 2017

UMA HISTÓRIA.



               O sujeito foi alertado por um negociante, pela forma um tanto relapsa com que ele tratava seus negócios. “Tu cedes muito fácil. As tuas pedidas são sempre inferiores ao que tu, realmente mereces, e completou que: quem muito se abaixa, aparece-lhe os fundilhos”. O sujeito que foi alertado contrapôs que de fato ele era muito complacente e suas pedidas, mas que o bode, quando recua dá a marrada mais forte. E contou uma passagem que ocorreu com ele a tempos atrás. Resolveu ele trocar de carro e comprar um novo. Vendeu o antigo e deu o valor de entrada. Suponhamos que os valores fossem estes: vendeu por R$ 3.500,00 a antigo para adquirir o novo por R$ 7.500,00, o faltante seria financiado. A concessionaria aceitou a proposta mediante a caução de um cheque no valor do financiamento, enquanto este não se realizasse. A entrega do veículo novo ficou para o início de março. Passado o prazo o veículo não foi entregue, mas mesmo assim o comprador foi alertado que o valor havia sido alterado e que ele teria que completar o valor que antes havia sido combinado. Por um descuido de algum funcionário, o cheque dado como garantia foi descontado e “estourou” a conta do comprador que teve que se explicar junto a gerencia do estabelecimento bancário, fazer uma carta explicando o ocorrido, mas tudo foi solucionado. Mais uma vez o comprador foi chamado para lhe dizerem que o dinheiro do financiamento teve que ser aplicado, por solicitação do banco, em uma aplicação com rendimentos bem inferiores ao de mercado e que ele teria que arcar com esta diferença. O carro ainda não tinha sido entregue, já se passavam um mês do aprazado e o comprador já tinha arcado com o aumento do preço do veículo, taxas e multas por ter excedido o limite da conta corrente e concordado em assumir a diferença da negociação comercial. O comunicado de que o veículo havia chegado coincidiu com a necessidade de uma viagem urgente que ele deveria fazer, isto foi em uma sexta feira a tarde após o final do expediente bancário. Ao receber as chaves do veículo, foi feito uma vistoria no mesmo e constatado que haviam muitos detalhes faltantes no carro: sem tapetes, sem luz de cortesia, o banco do motorista não reclinava, a luz de ré teria que ser comprada a parte e outros detalhes menos significativos que foram contemporizados. Mas quando da liberalização do veículo, ele foi informado que teria que deixar um cheque no valor das alterações do preço que antes havia sido combinado. Não tendo em mãos e nem possibilidade de acesso a um talão de cheques de imediato, o comprador se dispôs a assinar um documento do valor reivindicado pela vendedora. Era um valor considerável em comparação com o que havia sido combinado. Seria em torno de uns R$ 1.500,00. Também foi dito que, sem o cumprimento das exigências o veículo não seria entregue. Quando se viu sem alternativas o comprador, com toda a calma que lhe era peculiar, pediu: Chama o teu chefe. Quando ele, o chefe, chegou o sujeito contou a história passada e entregou a chave do veículo dizendo que procuraria outras formas de resolver o problema. O chefe devolveu-lhe as chaves e disse ao comprador que fosse embora com o carro. O comprador olhou-o fixamente nos olhos e disse: R$ 7.500,00, não mais do que isto agora. E foi embora com o carro. Resumo: o carro recebeu todos os acessórios faltantes, não foi cobrado nenhum valor que o comprador havia aceitado pagar, as revisões tinham um atendimento vip e com muitas isenções de taxas de serviços. Quem muito se abaixa, aparece-lhes os fundilhos x o bode quando recua dá a marrada mais forte. Qual dos dois devemos utilizar? Penso que depende da circunstância, mas tenho usado preferencialmente o segundo, e tenho me dado bem.
PS: o sujeito sou eu, a firma já não existe mais e a frase proferida por mim não foi de que procuraria outros meios e sim de que ele pegasse as chaves e enfiasse no cu.

“No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros” (Roberto Campos).

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