O sujeito foi
alertado por um negociante, pela forma um tanto relapsa com que ele tratava
seus negócios. “Tu cedes muito fácil. As tuas pedidas são sempre inferiores ao
que tu, realmente mereces, e completou que: quem muito se abaixa, aparece-lhe
os fundilhos”. O sujeito que foi alertado contrapôs que de fato ele era muito
complacente e suas pedidas, mas que o bode, quando recua dá a marrada mais
forte. E contou uma passagem que ocorreu com ele a tempos atrás. Resolveu ele
trocar de carro e comprar um novo. Vendeu o antigo e deu o valor de entrada.
Suponhamos que os valores fossem estes: vendeu por R$ 3.500,00 a antigo para
adquirir o novo por R$ 7.500,00, o faltante seria financiado. A concessionaria aceitou
a proposta mediante a caução de um cheque no valor do financiamento, enquanto
este não se realizasse. A entrega do veículo novo ficou para o início de março.
Passado o prazo o veículo não foi entregue, mas mesmo assim o comprador foi
alertado que o valor havia sido alterado e que ele teria que completar o valor
que antes havia sido combinado. Por um descuido de algum funcionário, o cheque
dado como garantia foi descontado e “estourou” a conta do comprador que teve
que se explicar junto a gerencia do estabelecimento bancário, fazer uma carta
explicando o ocorrido, mas tudo foi solucionado. Mais uma vez o comprador foi
chamado para lhe dizerem que o dinheiro do financiamento teve que ser aplicado,
por solicitação do banco, em uma aplicação com rendimentos bem inferiores ao de
mercado e que ele teria que arcar com esta diferença. O carro ainda não tinha
sido entregue, já se passavam um mês do aprazado e o comprador já tinha arcado
com o aumento do preço do veículo, taxas e multas por ter excedido o limite da
conta corrente e concordado em assumir a diferença da negociação comercial. O
comunicado de que o veículo havia chegado coincidiu com a necessidade de uma
viagem urgente que ele deveria fazer, isto foi em uma sexta feira a tarde após
o final do expediente bancário. Ao receber as chaves do veículo, foi feito uma
vistoria no mesmo e constatado que haviam muitos detalhes faltantes no carro:
sem tapetes, sem luz de cortesia, o banco do motorista não reclinava, a luz de
ré teria que ser comprada a parte e outros detalhes menos significativos que
foram contemporizados. Mas quando da liberalização do veículo, ele foi
informado que teria que deixar um cheque no valor das alterações do preço que antes
havia sido combinado. Não tendo em mãos e nem possibilidade de acesso a um
talão de cheques de imediato, o comprador se dispôs a assinar um documento do
valor reivindicado pela vendedora. Era um valor considerável em comparação com
o que havia sido combinado. Seria em torno de uns R$ 1.500,00. Também foi dito
que, sem o cumprimento das exigências o veículo não seria entregue. Quando se
viu sem alternativas o comprador, com toda a calma que lhe era peculiar, pediu:
Chama o teu chefe. Quando ele, o chefe, chegou o sujeito contou a história
passada e entregou a chave do veículo dizendo que procuraria outras formas de
resolver o problema. O chefe devolveu-lhe as chaves e disse ao comprador que
fosse embora com o carro. O comprador olhou-o fixamente nos olhos e disse: R$
7.500,00, não mais do que isto agora. E foi embora com o carro. Resumo: o carro
recebeu todos os acessórios faltantes, não foi cobrado nenhum valor que o
comprador havia aceitado pagar, as revisões tinham um atendimento vip e com
muitas isenções de taxas de serviços. Quem muito se abaixa, aparece-lhes os
fundilhos x o bode quando recua dá a marrada mais forte. Qual dos dois devemos
utilizar? Penso que depende da circunstância, mas tenho usado preferencialmente
o segundo, e tenho me dado bem.
PS: o sujeito sou eu, a firma já não existe mais e a frase proferida por
mim não foi de que procuraria outros meios e sim de que ele pegasse as chaves e
enfiasse no cu.
“No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e
dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade
social, mas se considera mais igual que os outros” (Roberto Campos).
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