quinta-feira, 9 de junho de 2016

O ESTADO



               As vezes dou razão ao bandido que, quando preso por assaltar um banco alega que o seu crime de assalto é menor do que o de fundar um banco. Dá um enorme trabalho   para um cidadão de bem, abrir uma conta corrente em um banco, oficial que seja. Lhe é solicitado um sem fim de documentos, comprovantes de residência, renda e idoneidade. Mas este mesmo banco, inúmeras vezes abre conta para estelionatários que recebem os depósitos de suas vítimas, sem que o banco possa evitar este crime. Eles são muito zelosos para com a sua parte sem ter o mínimo cuidado para com o compromisso social. E o Estado, que deveria proteger o cidadão? Onde está? Ah o Estado, se for depositado o imposto referente ao crime, ele esquece. Dane-se o social. 


               O sujeito se cansou da vida da cidade pois deveria morar em um local tão ou mais barulhento do que o que eu morava antes do asfaltamento da minha rua, e resolveu evadir-se da sociedade. Foi para o mato o louco. Vendeu tudo o que tinha e botou em uma poupança, para o “causo” de um arrependimento, pegou um pouco do dinheiro para comprar o mínimo suficiente para subsistir e mandou-se a lá cria. Estabeleceu-se um uma mata nativa abandonada e começou a construir um local para morar e plantar algo para comer. Isto ele até sabia fazer, tinha tido aula de agricultura com o professor Alter no segundo grau do ensino médio e sabia manejar alguns instrumentos agrícolas e tinha conhecimento de como e quando se devia plantar alguns produtos alimentícios. Passados uns 10 meses ele já tinha toda a alimentação suficiente mas o conforto era precário. O sujeito não se dava muito bem com os trabalhos manuais. Carpintaria não era o seu forte e ele passou uns bons bocados no inverno com as frestas na parede que entravam vento, e no verão com passagem de sol em excesso para o interior do seu, o que ele chamava de lar. Ao explorar o entorno de onde habitava, se deparou com outro eremita sujo, barbudo e muito magro. Trocaram algumas ideias e concluiu-se que a cabana dele era muito bem feita pois ele era um exímio carpinteiro, só não sabia plantar. Pronto, seria uma ótima sociedade se um ajudasse o outro e foi o que fizeram. Uma parceria. Ficou nas terras do novo amigo por algum tempo plantando, enquanto o sujeito fazia para ele, uma mesa e uma cama, que já era um bom princípio para seu conforto. Terminados os serviços pegou, primeiro a cama, e foi levando para o seu barraco que futuramente seria também consertado pelo novo amigo em troca de outros serviços que ele sabia muito bem fazer na sua área de atuação, a agricultura. Quanto estava, quase a tiro de laço de sua moradia, eis que aparece um sujeito grandão forte com cara de poucos amigos, de braços cruzados, o impedindo de seguir caminho. Era o Estado, Leviatã a lhe cobrar as referidas taxas, impostos e guias de transporte e o diabo a quatro para que ele pudesse efetuar a transação comercial e o transporte do referido bem. Qualquer semelhança com o que vivemos......

Nenhum comentário:

Postar um comentário