As vezes dou razão ao bandido que, quando preso por
assaltar um banco alega que o seu crime de assalto é menor do que o de fundar
um banco. Dá um enorme trabalho para um cidadão de bem, abrir uma conta
corrente em um banco, oficial que seja. Lhe é solicitado um sem fim de
documentos, comprovantes de residência, renda e idoneidade. Mas este mesmo
banco, inúmeras vezes abre conta para estelionatários que recebem os depósitos
de suas vítimas, sem que o banco possa evitar este crime. Eles são muito
zelosos para com a sua parte sem ter o mínimo cuidado para com o compromisso
social. E o Estado, que deveria proteger o cidadão? Onde está? Ah o Estado, se for
depositado o imposto referente ao crime, ele esquece. Dane-se o social.
O sujeito se
cansou da vida da cidade pois deveria morar em um local tão ou mais barulhento
do que o que eu morava antes do asfaltamento da minha rua, e resolveu evadir-se
da sociedade. Foi para o mato o louco. Vendeu tudo o que tinha e botou em uma
poupança, para o “causo” de um arrependimento, pegou um pouco do dinheiro para
comprar o mínimo suficiente para subsistir e mandou-se a lá cria.
Estabeleceu-se um uma mata nativa abandonada e começou a construir um local
para morar e plantar algo para comer. Isto ele até sabia fazer, tinha tido aula
de agricultura com o professor Alter no segundo grau do ensino médio e sabia
manejar alguns instrumentos agrícolas e tinha conhecimento de como e quando se
devia plantar alguns produtos alimentícios. Passados uns 10 meses ele já tinha
toda a alimentação suficiente mas o conforto era precário. O sujeito não se
dava muito bem com os trabalhos manuais. Carpintaria não era o seu forte e ele
passou uns bons bocados no inverno com as frestas na parede que entravam vento,
e no verão com passagem de sol em excesso para o interior do seu, o que ele
chamava de lar. Ao explorar o entorno de onde habitava, se deparou com outro
eremita sujo, barbudo e muito magro. Trocaram algumas ideias e concluiu-se que
a cabana dele era muito bem feita pois ele era um exímio carpinteiro, só não
sabia plantar. Pronto, seria uma ótima sociedade se um ajudasse o outro e foi o
que fizeram. Uma parceria. Ficou nas terras do novo amigo por algum tempo
plantando, enquanto o sujeito fazia para ele, uma mesa e uma cama, que já era
um bom princípio para seu conforto. Terminados os serviços pegou, primeiro a
cama, e foi levando para o seu barraco que futuramente seria também consertado
pelo novo amigo em troca de outros serviços que ele sabia muito bem fazer na
sua área de atuação, a agricultura. Quanto estava, quase a tiro de laço de sua
moradia, eis que aparece um sujeito grandão forte com cara de poucos amigos, de
braços cruzados, o impedindo de seguir caminho. Era o Estado, Leviatã a lhe cobrar as referidas
taxas, impostos e guias de transporte e o diabo a quatro para que ele pudesse
efetuar a transação comercial e o transporte do referido bem. Qualquer
semelhança com o que vivemos......
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