sábado, 14 de novembro de 2015

O DOM DE ILUDIR

A comprovação de que vivemos um período difícil, é a necessidade, quase que obrigação, de não sermos verdadeiros, sob pena de ficarmos excluídos da sociedade. Poucas coisas que vemos são, de fato, o que aparentam ser. Com o advento do implante, silicone e botox as pessoas ficam muito modificadas. Ficam mais gordas, mais lisas, modificam, aparentemente, a idade e até o sexo. Está por aí um monte de marmanjo que “montados” são facilmente confundido com uma bela dama. O nome das coisas, ganha um upgrade para ficarem mais simpáticas e até mais saborosas. Somos vítimas de um patrulhamento ideológico e moral que não nos permite sequer fazer uma brincadeira, inocente que seja, com um amigo que um ouvinte mais atento, adesista do “politicamente correto” não nos taxe de racista, homofóbico ou preconceituoso. As palavras, negro, feio, veado, gordo ou até mesmo magro estão com seus dias contados no palavrório cotidiano. O lucro é crime, fica quase que impossível explicar para um adepto da nova ordem, que o que tu ganha não é pura especulação, mas fruto do teu trabalho. Para o inocente inútil tudo é exploração do mais fraco pelo mais forte. E os preços então. Os preços postos nas mercadorias a venda, nada tem a ver com o cálculo feito para se obter uma margem de lucro razoável, utilizando-se as fórmulas contábeis nas quais se obtém o preço final do produto adicionado o custo de aquisição, impostos, possíveis perdas, desgastes etc. Os preços são afixados de forma a iludir, de maneira mais eficiente, o comprador. No combustível, percebe-se, se formos atentos, um “9” logo após o preço do litro. Este precede o outro nove do preço, quase real. São preços do tipo R$ 3,299. É a única mercadoria, creio, que no mundo, que aceita centésimos de centavos. As ofertas então, nem se fala, todas terminam com os noventa e nove centavos, mesmo se sabendo que existem poucas moedas de um centavo em circulação, que permitiriam ao comerciante devolver, corretamente o troco ao comprador. Ele termina tendo que devolver cinco centavos. Vai perder quatro, mas terá o gostinho de sair vitorioso pelo fato de ter, pelo menos em tese, enganado o consumidor. Não é a toa que os políticos eleitos no nosso país sejam aqueles que mais mentem e não aqueles que mais falem a verdade. Estes estão fadados ao ostracismo pois não enganam, dizem a verdade, e a verdade para pessoas de poucas luzes, dói. Mas é por isto mesmo que tanto amamos a democracia (o governo de muitos) e odiamos a aristocracia que é o governo dos melhores. Até quando isto vai durar eu não sei, mas gostaria de estar vivo para ver.

Afonso Pires Faria, 14 de novembro de 2015.

Um comentário:

  1. Não estárá. A não ser que dure a soma da idade de todos os Farias desde o Ministro.

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