segunda-feira, 29 de maio de 2017

ALTAMENTE CONTROVERSO.



Quando a pessoa tem dúvidas de que se será ou não punida por cometer uma infração, ela agirá com maior contumácia. Se houver a certeza a sua prática será uma constante e em ascensão em periculosidade. Os infratores e criminosos no Brasil, além de não serem punidos estão, de certa forma, sendo estimulados a persistir no crime. Todos os viciados em drogas estão sendo tratados como doentes, às custas do Estado. Embora haja casos esporádicos de dependentes que, de fato necessitam de tratamento, não devemos generalizar. Se o tratamento que onera a sociedade, já é um caso de verdadeira inversão de valores, imaginem a obrigatoriedade de que se faça isto. Se em vez de se tratar, obrigatoriamente, o elemento, se lhe negassem o direito a tratamento gratuito de males oriundos do vício, o número de viciados seria menor. Mas não, ele é um coitado, vítima da sociedade, que deve ser cuidado por aqueles que tem de trabalhar em dobro para sustenta-los.

Queixam-se de que existe corrupção no pais, mas quando surge uma chance de terminar com ela, os culpados, rotulam os que às combatem, de autoritário e ditatorial. A sede que esta gente tem de vingança é somente contra os seus adversários, basta aproximar-se de seus comparsas que esta necessidade se esgota. Até quando vamos ter de conviver com esta hipocrisia? As alternativas que ora se apresentam legitimadas pela nossa lei maior são poucas. Para se afastar um presidente, por mais comprovada a sua culpabilidade, o rito é o mesmo sempre. Foi assim para afastar a presidente e assim será se quiserem afastar o seu vice, ora no cargo. O STE, se cassar a chapa que elegeu a dupla, pode abreviar o nosso calvário e seria de bom alvitre que o fizesse. Mas existem aqueles que querem resolver o problema, mas não resolver ao mesmo tempo. Querem tudo dentro das normas constitucionais, desde que seja fora dela. O que pode parecer risível é um fato, e é o caso de quem defende, por exemplo, eleições diretas. Como este expediente não está contemplado na nossa lei maior, para modifica-la, somente por uma PEC, que ocupará o tempo que as leis assim exigem para o seu trâmite, e este tempo é demasiado extenso e somente valeria a nova regra para eleições depois de 2018. Os constituintes, quando da elaboração das leis, esmeraram-se em defender todo e qualquer poderoso. Estão tomando do próprio veneno.

Defendi, e sigo defendendo, que a lava jato cumpra seu dever. O que eu calculava que fosse acontecer, de fato está acontecendo. Por acreditar que todos os políticos que cometeram ilícitos iriam ser punidos, defendia que a operação mantivesse o seu modus operandi que certamente atingiria a plenitude. E atingiu. Os mais apressados queriam que se pulassem etapas e que as investigações atingissem logo o tucanato. E atingiu. Feriu de morte não somente os seus caciques como também o seu entorno. O fato de já haver outros envolvidos, e presos, fica mais difícil agora deslegitimar a referida operação. Enquanto ela atingia somente os adversários, foi ganhando apoio dos que se julgavam inatingíveis. E não eram. Houvesse investigado todos de uma só vez não teriam logrado êxito, pois um número sem fim de bandidos, todos com autoridade, não seriam derrotados com toda a certeza, mas não, os novos réus foram apoiadores incondicionais dos seus agora algozes, e não poderão desdizer o que diziam antes. Mesmo com toda a hipocrisia de que são contemplados todos os políticos, ficou muito difícil agora, fazer um discurso diametralmente oposto ao que faziam antes. Falta-lhes vergonha na cara, falta. Faltam-lhes coerência, faltam. Mas ficou a voz rouca das ruas. O povo mesmo com toda a sua incapacidade de discernimento, alguma coisa percebe. Não é possível que prendam, com toda a legitimidade, a alta cúpula de um partido, e os demais, tendo cometido os mesmos crimes, sigam impunes. Receberam a corda e se enforcaram com ela.

Que tal abrirmos mão do nosso dever moral de ajudar o próximo e terceirizar esta missão a um terceiro que fica com a metade do óbolo para si, para melhor fazer a repartição? Ou seja, não é tu que sabe a quem tu deves ou pode ajudar, é este terceiro que tudo sabe, tudo pode e tudo administra. Se a ti fosse dado o direito de escolher, escolheria tu ou o terceiro? Se te consideras uma pessoa de tão baixo discernimento que não és capaz de fazer esta escolha, escolha que outro faça para ti, mesmo pagando para isto. Se achas ridículo que tenha gente que escolha não fazer pessoalmente esta oferenda, saiba que tem gente mais estúpida ainda. São aqueles que advogam por um Estado gigante, tão gigantesco que não te permite nem escolher, simplesmente te toma parte da tua renda e distribui de acordo com a sua vontade e cobra para isto. E como cobra.
Se ama com mais facilidade quanto mais raso for o conceito que se tem de amor. (Afonso Pires Faria – 1957/20xx)

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