sexta-feira, 5 de agosto de 2016

RESPEITAR A QUEM?



               Muitas vezes agimos de forma involuntária no nosso cotidiano. Reza a lenda de que um estranho perguntou em uma casa humilde em que fazia uma visita, de porque se cortava a cabeça e o rabo do peixe para assa-lo, e em não obtendo resposta, foi fazer uma pesquisa antropológica na família e descobriu que os antepassados eram tão pobres que só tinham uma forma para este fim e por ela ser pequena tinha que ser diminuído o tamanho do animal, e se descartavam as partes menos valiosas. Assim temos o habito de cumprir certos ritos e cerimônias às quais não existem mais motivos para tal. Não sei por quê, por exemplo, não uso boné dentro de casa, me foi ensinado assim no quartel retirar a cobertura quando em ambiente coberto, e quando saí de lá segui com este habito, sem saber se era ou não uma prática exclusivamente castrense. Creio que o respeito aos mais velhos pode seguir este mesmo caminho. Parto do pressuposto de que devemos respeitas as pessoas que se dão o devido respeito. As pessoas com o passar dos anos, vão adquirindo confiança em si, sabedoria, prudência e bom comportamento, conseguindo assim que lhe seja dispensado uma certa respeitabilidade. Creio ser este o pressuposto para se respeitar uma pessoa, a imposição que estas qualidades lhe deram com o passar dos anos, e não o respeito pelo simples fato de terem envelhecido. Algumas criaturas tem uma índole tão má e uma tamanha falta de consideração para com o próximo que, penso, necessitariam de mais de três séculos de vida para aprender a se dar o devido respeito. Sinceramente tenho minhas dúvidas quanto a suficiência deste tempo para determinados seres que foram colocados, creio que por engano, neste mundo. Existem pessoas que cometem erros, se arrependem e, se voltam a cometê-los, é de forma mais branda e por algum equívoco, por ignorância ou por um descuido. Pelo menos este é o curso natural do comportamento humano e por isto os erros dificilmente se repetem com maior intensidade, e as pessoas com o passar dos anos vão ficando mais dóceis, mais humildes, sabedoras da sua dependência de outros seres que o rodeiam, e que se escasseiam cada vez mais. Deveriam se dar conta de que o valor das coisas, são dados pela sua raridade. O diamante não é caro pela sua utilidade e sim pelo fato de existirem poucos na terra. Assim são as pessoas disponíveis para nos servir. O sábio dá-se conta desta necessidade e valoriza cada um dos poucos que o cerca, pelo tamanho da necessidade que tem de contar com eles cada vez com mais frequência e intensidade. Mas eu falei dos sábios. Infelizmente existem os que não o são. Pessoas passam a vida inteira desprezando os outros, faltando com a verdade, cometendo maldades para tirar proveito material, e nem sempre com este fim, as vezes, isto sim, pelo simples prazer de cometer maldades. Pode parecer que não existe gente assim, mas infelizmente, existe sim. Muitos destes elementos chegam ao fim da vida de forma tão debilitada e com tantas maldades cometidas, que não lhe é possibilitado chance para recuperação. Os amigos e os parentes se magoaram tanto que deixam que a vida lhe aplique o castigo merecido. Para alguns ainda é apresentado a possibilidade de recuperação e, por incrível que pareça, ainda no final da vida, em estado de total dependência, se negam a aceitar a constrição. Não são estes, merecedores do respeito que deveria ser dispensado a uma pessoa com a idade avançada. Deve sim ele ser tratado como um reles qualquer. Vou passar a andar de boné dentro de casa, se ninguém me explicar qual o motivo desta regra, e não respeitarei mais as pessoas pelo tempo que ela permaneceu neste mundo, se ele não soube fazer dele um bom uso e segui cometendo os mesmos erros a vida toda.  

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