segunda-feira, 21 de outubro de 2019

PERANTE A MORTE.


O Criador poupou-me até agora, de perdas consideradas como um “ponto fora da curva”. A lógica aponta para que percamos nossos entes queridos de forma cronológica, de cima para baixo. Fora disso o trauma é mais nefasto. Já perdi meus dois avós maternos e paternos. Perdi também meu pai e mãe. Meus tios, por parte materna, que eram onze, resta somente a tia Aurea. Dos paternos, dos cinco somente dois estão ainda vivos, o tio Paulo e a tia Neiva. Dos primos, por parte do meu pai, ainda todos vivos. Infelizmente dos sobrinhos de minha mãe já perdemos dois, o Afonso Delcio e o Afonso Celso. Dos relacionamentos não parentais tenho os amigos e colegas. O primeiro colega de banco que perdi foi o seu Olmiro e o último o Toco. Dos amigos, a perda mais recente foi o Dr. Vitor. A primeira foi a Ana Maria. É impressionante como existe diferenças de sentimentos relativamente as perdas. Elas nem sempre dependem do grau de afinidade com que mantínhamos com o falecido, mas também da nossa maturidade. Quanto mais velhos ficamos, mais fácil assimilamos o golpe, mas também quando na terra idade, não temos a perfeita noção da perda. Quando perdi meu avô materno, o meu maior sentimento era ver o sofrimento da minha mãe. Mas creio que nem quando não temos o perfeito juízo ou quando já estamos maduros o suficiente, temos sofrimento maior do que a perda de um parente colateral ou de um descendente. Como disse, ainda fui poupado deste sofrimento, meus irmãos, sobrinhos e filhos ainda estão vivos. Espero que, se for obrigado a enfrentar uma perda desta magnitude, já esteja maduro o suficiente para saber suportar a dor.
Afonso Pires Faria, 21.10.2019.

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