O Criador
poupou-me até agora, de perdas consideradas como um “ponto fora da curva”. A
lógica aponta para que percamos nossos entes queridos de forma cronológica, de cima
para baixo. Fora disso o trauma é mais nefasto. Já perdi meus dois avós
maternos e paternos. Perdi também meu pai e mãe. Meus tios, por parte materna,
que eram onze, resta somente a tia Aurea. Dos paternos, dos cinco somente dois
estão ainda vivos, o tio Paulo e a tia Neiva. Dos primos, por parte do meu pai,
ainda todos vivos. Infelizmente dos sobrinhos de minha mãe já perdemos dois, o
Afonso Delcio e o Afonso Celso. Dos relacionamentos não parentais tenho os
amigos e colegas. O primeiro colega de banco que perdi foi o seu Olmiro e o
último o Toco. Dos amigos, a perda mais recente foi o Dr. Vitor. A primeira foi
a Ana Maria. É impressionante como existe diferenças de sentimentos
relativamente as perdas. Elas nem sempre dependem do grau de afinidade com que
mantínhamos com o falecido, mas também da nossa maturidade. Quanto mais velhos
ficamos, mais fácil assimilamos o golpe, mas também quando na terra idade, não
temos a perfeita noção da perda. Quando perdi meu avô materno, o meu maior
sentimento era ver o sofrimento da minha mãe. Mas creio que nem quando não temos
o perfeito juízo ou quando já estamos maduros o suficiente, temos sofrimento
maior do que a perda de um parente colateral ou de um descendente. Como disse,
ainda fui poupado deste sofrimento, meus irmãos, sobrinhos e filhos ainda estão
vivos. Espero que, se for obrigado a enfrentar uma perda desta magnitude, já
esteja maduro o suficiente para saber suportar a dor.
Afonso
Pires Faria, 21.10.2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário