Ironicamente, são
aqueles que mais defendem o igualitarismo, que na hora de serem iguais se
revoltam. A previdência é o caso mais emblemático. Existem regras distinta para
cada classe de trabalhador, e até de quem pleiteie a aposentadoria sem ter contribuído
o suficiente para tanto. Quanto mais difusas são as concessões mais elementos
do governo são necessários para regular, orientar e fiscalizar a sua aplicação.
Existe aposentadoria diversificada para homem, mulher, trabalhador urbano,
rural, deficiente e se deixarmos a coisa seguir neste ritmo, em breve haverá
também distinção entre negros, homossexuais etc. Repito que cada segmentação
feita, avulta-se o número de servidores para que se possa cometer menos
injustiças. E é bem por aí, que as injustiças crescem, pois, a parcela dos
servidores públicos são mais iguais do que as do setor privado.
É praticamente
impossível governar um pais, por menor que seja, com uma constituição nos
moldes da que temos vigendo no nosso país. Ela é simplesmente um monstro. Prevê
que todo o cidadão tem amplos direitos e, na mesma proporção o Estado os tem de
deveres. Mescla-se direitos naturais com positivados, invertendo-se a ordem de
sua observância. Temos tantos direitos que não damos conta de pagar por todos.
Cada lugar na sua coisa. Não se produzem mais nem títulos, nem
músicas inteiras que com poucas palavras tenham um grande significado, e nem se
respeitam os lugares onde se possa cometer certas atitudes. Foi em um ambiente
coberto, um restaurante, que eu notei gente com comportamento totalmente em
desconformidade com o local, que fiz uma observação a atendente de que as
coisas deveriam ser colocadas em seus devidos lugares e cada lugar em suas
devidas coisas. Gente com chapéu na cabeça e de óculos escuros, seria similar a
cortar a carne com garfo e levar a comida à boca com a faca. Estamos perdendo o
senso de proporção e de civilidade. Falei qualquer coisa neste sentido, e fui
presenteado com um mimo que veio a calhar com a minha colocação. “Isabela em
contos”, de um autor local que fala de costumes antigos. Mesmo não sendo
nativo, sinto que antigamente se preservava muito mais o respeito e costumes.
Que andemos para frente, mas que não deixemos para trás o que de bom existia.
Eu que me ufano de dar valor às pessoas pelo que elas são no caráter, na
cultura e na educação, acima da cor de sua pele, orientação sexual ou religião,
estaria errado?
Afonso Pires Faria,
01.01.2019.
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