Sim, eles brigavam e brigavam muito. Não foram raras as
vezes que amigos tiveram que intervir no relacionamento do casal para evitar
uma separação. Tinham muitos filhos, nove ao todo, o que para os dias atuais é
um número considerável e até, digamos assim, exagerado. Esta prole numerosa era
devido a prova prática, do ditado que diz que “o bode quando recua da a marrada
mais forte”. E este era o motivo de tantos filhos, invariavelmente após uma
rusga, a paixão se exacerbava quando da volta e. Outro filho. Isto fazia com
que durante a gravidez, a criação do rebento e os primeiros anos de vida,
fizessem que o casal mantivesse a harmonia durante algum período. Ah, ia esquecendo as características do casal;
ele esquecido, desleixado, desatento e pão duro; ela cuidadosa, com mania de
limpeza e não deixava de comprar nada o que lhe aparecia na frente e julgasse
que um dia poderia precisar. Nitroglicerina pura. Mas voltando a história,
chegou a um ponto que os desentendimentos ocorriam por motivos sem a menor importância,
mas não por isto menos intensos em animosidade. Com o passar dos anos, o fogo
da paixão que antes era motivo para a paz, agora já não existia com tanta
intensidade, e os motivos para que a bandeira branca pairasse no lar
praticamente inexistiam. Houve no passado certamente, brigas mais graves que
foram apaziguadas pelos amigos, mas a derradeira, pelos motivos já citados,
culminou com a separação. Foi assim: - Por que deixastes aquela garrafa em cima
da mesa? - Eu não achei onde colocá-la,
deixei para depois e esqueci. – E porque não colocou em qualquer lixo, que
depois eu separava? – Porque achei que seria melhor esperar e..... E por aí
foi a discussão até que ele, para não
prolongar muito o assunto, capitulou. Prometeu ser mais cuidadoso. Mas o então
descuidado do marido que havia cedido, em nome da paz, não foi capaz de agir da
mesma forma quando o motivo da encrenca foi o mesmo, mas.... Foi assim: Porque
colocastes a garrafa no lixo orgânico? - Porque eu não achei o lixo seco. Daí
ela cometeu um erro fatal. Falou o que não deveria ter falado. Disse: - E
porque não deixou em cima da mesa que depois eu pegava? Ele, calmamente buscou
a garrafa de dentro do lixo, largou em cima da mesa, pegou as chaves da casa e do
carro, saiu pela porta pela última vez.
Afonso Pires Faria, 10.01.2019.
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