domingo, 30 de dezembro de 2018

DO COMPORTAMENTO E DAS LEIS.



 Não acredito que qualquer indivíduo tenha direito, dever ou até mesmo discernimento suficiente para ter pena de outro. Para isto, seria necessário o penitente saber qual o grau de satisfação o outro sente em levar a vida que leva. Qual as suas escolhas e o grau de realização delas. Seria muita pretensão classificarmos como digno de pena um morador de rua, se não sabemos se esta não é uma escolha sua. O grau de satisfação deste desvalido quando chega ao fim do dia e consegue catar 5 Kg de alumínio, pode ser muito maior do que nós, em chegar no fim do dia e termos trabalhado duro para ganhar dez vezes mais do que o catador de latinhas. Certa vez vi passar pela rua, na praia, um grupo de pessoas, em uma kombi velha, caindo aos pedaços, todos eles mal vestidos, com aparência de gente com poucos recursos. Pois estas pessoas estavam eu um grau tamanho de satisfação e de alegria, que era de dar inveja a muito ricaço que estava a se lamentar por ter que gastar um dinheiro para que um eletricista lhe consertasse a rede elétrica de seu apartamento com 300 metros quadrados.

O teu empregador e o governo, te chamam de perdulário e mau administrador do que é teu e tu achas isto coisa mais natural do mundo. Pior, ainda acha que ele tem razão e aplaude a sua atitude, não aceitando que ele te tire o cabresto. Senão vejamos:  o empregador, fica para ele, com parte de teu salário que acha que tu, como néscio não saberia administrar, e só te entrega quando tu entrares em férias. Também guarda mais um pouco dele para de entregar somente no final do ano para tu comprares os presentes de natal, presumindo que, se te entregares todo o salário, tu beberás de cachaça. Mas não é somente o empregador que é “benevolente” para contigo, temos também o nosso sempre “cuidadoso” governo, que cuida para que quando tu te aposentares, não fique desamparado, para isto aplica uma parte do que tu receberias por mês, em um “rentável” fundo. E ai do governo que ameasse deixar que tu, e não ele e o seu empregador, administre esta parte do que é teu por direito. E para não dizer que os nossos governantes não se preocupam em demasia com o futuro do seus governados, este, obriga-te a contribuir com uma previdência. Se a obrigatoriedade não fosse o único problema, eles é que escolhem que tipo de instituto é que tu tens que depositar as tuas economias. E quem é que o administra? Sim, ele mesmo, o leviatã. Resumindo. Tu podes tomar todas as decisões sobre tua vida, mas é o Estado que decide se tu de fato, pode ou não, adotá-las. Para uma ditadura, falto o quê mesmo?

Os que fazem as leis que nos governam foram por nós selecionados para fazê-las. Eles as fazem de acordo com as conveniências mundanas e cabe a nós, adaptarmo-nos a elas. As normas criadas alteram o comportamento dos viventes, que muitas vezes morrem sem ter completamente se adaptado a elas. O fato de termos sido nós que escolhemos os que fazem as leis, não seria pertinente que eles as fizessem em consonância com os hábitos e não nós termos que adaptarmo-nos as regras que eles criaram para nos dominar? 

Não sei descrever precisamente o conceito que tenho das pessoas que, em nome de uma justiça total querem inocentar os culpados. Me refiro àqueles que, cada vez que se prende um corrupto alega que outros já haviam cometido o mesmo crime e ficaram impunes. Ora, se isto é verdade, devemos sim louvar o progresso das ações de sucesso e não somente criticar as improdutivas. Que tipo de doutrinação receberam estes que assim agem? O que os levou a corromper o seu caráter e o seu senso de justiça e bons modos é o que me preocupa. Cegados por uma ideologia fajuta e falida, estão deixando lhe corromper a honra e a alma. Pobre viventes.

Ao contrário do que nos aponta o senso comum, o maior número de leis à nos proteger são mais nefastas a nós, do que benéficas. Para administrar e fiscalizar cada uma delas são necessários funcionários e outros mais para administrar o sistema. Cada vez mais a informática nos facilita as tarefas e o número de pessoas necessárias para se produzir os bens que utilizamos no dia a dia. Esta automação fez com que o trabalhador precisasse menos tempo dispendido para executar a mesma tarefa que no século passado. O exemplo clássico é a agricultura. Mas na contramão de tudo isto, está a máquina pública.
Afonso Pires Faria, 30.12.2018.

Nenhum comentário:

Postar um comentário