Não acredito que qualquer indivíduo tenha
direito, dever ou até mesmo discernimento suficiente para ter pena de outro.
Para isto, seria necessário o penitente saber qual o grau de satisfação o outro
sente em levar a vida que leva. Qual as suas escolhas e o grau de realização
delas. Seria muita pretensão classificarmos como digno de pena um morador de
rua, se não sabemos se esta não é uma escolha sua. O grau de satisfação deste
desvalido quando chega ao fim do dia e consegue catar 5 Kg de alumínio, pode ser
muito maior do que nós, em chegar no fim do dia e termos trabalhado duro para
ganhar dez vezes mais do que o catador de latinhas. Certa vez vi passar pela
rua, na praia, um grupo de pessoas, em uma kombi velha, caindo aos pedaços,
todos eles mal vestidos, com aparência de gente com poucos recursos. Pois estas
pessoas estavam eu um grau tamanho de satisfação e de alegria, que era de dar
inveja a muito ricaço que estava a se lamentar por ter que gastar um dinheiro
para que um eletricista lhe consertasse a rede elétrica de seu apartamento com
300 metros quadrados.
O teu empregador e o governo, te chamam de perdulário e mau
administrador do que é teu e tu achas isto coisa mais natural do mundo. Pior,
ainda acha que ele tem razão e aplaude a sua atitude, não aceitando que ele te
tire o cabresto. Senão vejamos: o
empregador, fica para ele, com parte de teu salário que acha que tu, como
néscio não saberia administrar, e só te entrega quando tu entrares em férias.
Também guarda mais um pouco dele para de entregar somente no final do ano para
tu comprares os presentes de natal, presumindo que, se te entregares todo o
salário, tu beberás de cachaça. Mas não é somente o empregador que é
“benevolente” para contigo, temos também o nosso sempre “cuidadoso” governo,
que cuida para que quando tu te aposentares, não fique desamparado, para isto
aplica uma parte do que tu receberias por mês, em um “rentável” fundo. E ai do
governo que ameasse deixar que tu, e não ele e o seu empregador, administre
esta parte do que é teu por direito. E para não dizer que os nossos governantes
não se preocupam em demasia com o futuro do seus governados, este, obriga-te a
contribuir com uma previdência. Se a obrigatoriedade não fosse o único
problema, eles é que escolhem que tipo de instituto é que tu tens que depositar
as tuas economias. E quem é que o administra? Sim, ele mesmo, o leviatã. Resumindo.
Tu podes tomar todas as decisões sobre tua vida, mas é o Estado que decide se
tu de fato, pode ou não, adotá-las. Para uma ditadura, falto o quê mesmo?
Os que fazem as leis que nos governam foram por nós
selecionados para fazê-las. Eles as fazem de acordo com as conveniências
mundanas e cabe a nós, adaptarmo-nos a elas. As normas criadas alteram o
comportamento dos viventes, que muitas vezes morrem sem ter completamente se
adaptado a elas. O fato de termos sido nós que escolhemos os que fazem as leis,
não seria pertinente que eles as fizessem em consonância com os hábitos e não
nós termos que adaptarmo-nos as regras que eles criaram para nos dominar?
Não sei descrever precisamente o conceito que
tenho das pessoas que, em nome de uma justiça total querem inocentar os
culpados. Me refiro àqueles que, cada vez que se prende um corrupto alega que
outros já haviam cometido o mesmo crime e ficaram impunes. Ora, se isto é verdade,
devemos sim louvar o progresso das ações de sucesso e não somente criticar as
improdutivas. Que tipo de doutrinação receberam estes que assim agem? O que os
levou a corromper o seu caráter e o seu senso de justiça e bons modos é o que
me preocupa. Cegados por uma ideologia fajuta e falida, estão deixando lhe
corromper a honra e a alma. Pobre viventes.
Ao contrário do que nos aponta o senso comum, o maior número de
leis à nos proteger são mais nefastas a nós, do que benéficas. Para administrar
e fiscalizar cada uma delas são necessários funcionários e outros mais para
administrar o sistema. Cada vez mais a informática nos facilita as tarefas e o
número de pessoas necessárias para se produzir os bens que utilizamos no dia a
dia. Esta automação fez com que o trabalhador precisasse menos tempo dispendido
para executar a mesma tarefa que no século passado. O exemplo clássico é a
agricultura. Mas na contramão de tudo isto, está a máquina pública.
Afonso Pires Faria, 30.12.2018.
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