segunda-feira, 4 de setembro de 2017

CAGAÇO.

Nos primeiros dias de setembro, não tinha ainda nem uma braça de sol e eu encontro no “povo”, um sujeito a cavalo, pilchado e garboso. O cavalo bem encilhado e ele de lenço branco no pescoço, um chapéu de abas largas, barbicacho e bombacha bem larga. Um autêntico homem do campo. Mas no “povo”, àquela hora!!! Já me veio a maldade na mente. Este sujeito dormiu nas “primas”. Quando me aproximei do sujeito, mais ou menos à “tiro de laço”, percebi que deveria ter uma idade aproximada de seus cinquenta e muitos anos de idade, pois ostentava sublinhando o nariz, um bigode num misto de branco e amarelado pela nicotina do palheiro. Não resisti, olhei para ele e: “buenas”, o índio retribuiu o cumprimento empurrando para cima, com o dedo indicador, a aba do seu chapéu. Arrisquei “inticar” com o gaudério. Olhando para ele, bem montado no seu pingo perguntei: dormiu nas primas companheiro? O índio levou um susto, arregalou os olhos, se tapeou no rosto como que a limpar algum vestígio, olhou para a gola da camisa, para os punhos e mangas e devolveu a pergunta com outra: to com alguma marca de batom ou alguma marca suspeita? Eu dei uma risadinha e lhe tranquilizei: não meu amigo, é que eu também fui criado para fora e quando ia para a cidade e me perdia na hora, volta e meia amanhecia em cama alheia e tinha que voltar para casa, mais ou menos neste horário, pode ir para casa tranquilo que vestígio aparente “no hay”. O sujeito, com o indicador e o polegar, tenteou o chapéu pros olhos, esporeou o pingo e saiu a trotezito no mais rumo ao rancho. Como se explicou em casa não sei. Nem se tinha alguma explicação a dar para alguém, mas um susto ele levou. 

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