Meu bisavô, de sobrenome
Albuquerque, tinha somente um irmão. Ambos foram criados juntos, tinham quase a
mesma idade. Mesmo com a mesma criação dada a ambos, um deles, o meu
consanguíneo, era de temperamento dócil e de bom trato, já o seu irmão era,
como se diz no sul “um índio maleva”, de poucos amigos e violento. Este elemento,
por motivo torpe, tirou a vida de outro cidadão. A justificativa: o assassinado
era negro. O meu parente, incomodado com a situação, e por ter seu nome
indiretamente associado ao fato, se desfez de tudo o que tinha e mudou-se da
cidade e até mesmo do estado. Formou família e deixou herança para o meu avô, que
depois veio a ser do meu pai e por último para mim, uma parte de tudo. Do outro
irmão, não se soube mais notícias, nunca mais se encontraram. O fato do
assassinato passaria incólume se um dia eu não precisasse fazer uma obra na
minha propriedade e para isto necessitasse de uma certidão. Soube que eu não
era bem certo o dono de toda a propriedade e sim teria que indenizar o cidadão
assassinado pelo meu tio bisavô. Depois de muitos gastos com advogados e
viagens para outro estado para comparecer a audiências, consegui provar da
minha total falta de vínculo com o caso e até mesmo do distanciamento parental
com o causador do fato. Caso terminado? Não. Apesar de eu ter provado que o meu
parentesco com o Albuquerque pouco ou nada tinha a ver com o meu antecessor,
também não se poderia saber a que família Santos, que era o sobrenome da
vítima, eu fui condenado a pagar uma tal dívida social, pois eu tinha a mesma
cor da pele do assassino. É assim que está agindo o nosso tal sistema de cotas.
Quando
vejo os procuradores e juízes da Lava-jato, querendo prender o Lula por um
triplex que está em nome de outro, de um sitio que não está em seu nome,
alegando que são seus, e não podem investigar a origem do dinheiro que
justifiquem a posse de tamanho patrimônio, comprovado, de pastores de igrejas,
chego a ter vergonha de criticar os roubos do ex presidente Luis Inácio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário