quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

DÍVIDAS?!


               Meu bisavô, de sobrenome Albuquerque, tinha somente um irmão. Ambos foram criados juntos, tinham quase a mesma idade. Mesmo com a mesma criação dada a ambos, um deles, o meu consanguíneo, era de temperamento dócil e de bom trato, já o seu irmão era, como se diz no sul “um índio maleva”, de poucos amigos e violento. Este elemento, por motivo torpe, tirou a vida de outro cidadão. A justificativa: o assassinado era negro. O meu parente, incomodado com a situação, e por ter seu nome indiretamente associado ao fato, se desfez de tudo o que tinha e mudou-se da cidade e até mesmo do estado. Formou família e deixou herança para o meu avô, que depois veio a ser do meu pai e por último para mim, uma parte de tudo. Do outro irmão, não se soube mais notícias, nunca mais se encontraram. O fato do assassinato passaria incólume se um dia eu não precisasse fazer uma obra na minha propriedade e para isto necessitasse de uma certidão. Soube que eu não era bem certo o dono de toda a propriedade e sim teria que indenizar o cidadão assassinado pelo meu tio bisavô. Depois de muitos gastos com advogados e viagens para outro estado para comparecer a audiências, consegui provar da minha total falta de vínculo com o caso e até mesmo do distanciamento parental com o causador do fato. Caso terminado? Não. Apesar de eu ter provado que o meu parentesco com o Albuquerque pouco ou nada tinha a ver com o meu antecessor, também não se poderia saber a que família Santos, que era o sobrenome da vítima, eu fui condenado a pagar uma tal dívida social, pois eu tinha a mesma cor da pele do assassino. É assim que está agindo o nosso tal sistema de cotas.


               Quando vejo os procuradores e juízes da Lava-jato, querendo prender o Lula por um triplex que está em nome de outro, de um sitio que não está em seu nome, alegando que são seus, e não podem investigar a origem do dinheiro que justifiquem a posse de tamanho patrimônio, comprovado, de pastores de igrejas, chego a ter vergonha de criticar os roubos do ex presidente Luis Inácio. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário