segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

NO CALOR DA EMOÇÃO



               Uma das frases atribuídas a Voltaire era de que “não existem delicias extremas nem extremos tormentos que possam durar a vida inteira; o extremo bem e o extremo mal, são quimeras”. Pois bem; ocorre eventualmente em várias partes do mundo, com mais frequência em países com pouca educação, o chamado “efeito manada”. Quando um número expressivo de pessoas adere a uma causa, logo encontra um número considerável de seguidores. Procuro ser sempre comedido com estas paixões extremadas, nem sempre consigo, mas procuro. Jamais usarei uma camiseta com o “# somos todos Moro”, assim como nunca morri de amores pelo juiz Joaquim Barbosa, por ele ter defendido uma causa pela qual eu era simpático. Agora, muitos dos que o adoravam estão a criticá-lo por uma colocação sua desfavorável ao impeachment da Dilma. Menos povo, menos. A moda agora é o “Somos todos Chape”. Todos são torcedores do time da Chapecoense pelo fato de ter ocorrido uma tragédia com seus atletas. Qualquer ser humano que não seja “todo chape” é um insensível, um desumano, um crápula. Menos povo, menos. Também estou sentido com a morte dos atletas e de todos os que estavam no fatídico voo, mas nem por isto saí de casa em desabalada carreira para participar dos funerais e não acho justo que se critique quem foi, e nem quem não foi. O “efeito manada” explica o porquê destas atitudes extremadas. Quero ver que camiseta vestirão quando começarem a chegar, por parte dos mortos no acidente, ações trabalhistas, civis e criminais contra o clube. Um pouco de cautela no momento do calor dos fatos não faz mal a ninguém. Menos povo; muito menos.


               Quando houve a tragédia em Santa Maria, na boate Kiss, a presidente Dilma cancelou alguns compromissos importante e foi prestar solidariedade aos familiares. Na época, por muitos, foi injustamente classificada como demagoga. Não houve translado de corpos. As circunstâncias eram outras, a presidente fez o que era conveniente para a época e foi criticada. Agora, o presidente Temer fez também o que lhe cabia, foi recepcionar o corpo dos jogadores no aeroporto de Chapecó. Está sendo criticado por não ter manifestado que iria as homenagens no estádio. Tivesse ele se disposto a comparecer no local, já de pronto, poderia também ser taxado de demagogo como foi Dilma. É difícil mesmo fazer os outros pensarem com a nossa cabeça. A intolerância do povo é uma constante.

               A “novilíngua” não tem limites. Aos poucos nos faz cabrestear. Tudo o que aprendemos passa a ter um novo significado, quando não diferente do real, exatamente o seu oposto. O politicamente correto nos impede e/ou proíbe de falar as coisas da mesma forma que aprendemos. Exemplos não faltam: cego, negro, anão etc. foram apenas amenizados, e nos obriga, aos poucos a usarmos expressões diametralmente o oposto do que realmente são. No projeto de combate a corrupção, os nobres deputados fizeram alguns ajustes que o transformou em um salvo conduto para cometer todo e qualquer tipo de falcatrua. Assim agiu Dilma em 2013 quando o povo foi para as ruas  pedir uma coisa, e ela malandramente prometeu atendê-los, dando outra totalmente diferente da reivindicada. Nesta ocasião eu a critiquei. Agora o povo pede o fim da impunidade e o congresso aprova o fim, mas o fim da punibilidade. Sinceramente não sei de quem foi o ato mais criminoso.

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