Uma das frases atribuídas a Voltaire era
de que “não existem delicias extremas nem extremos tormentos que possam durar a
vida inteira; o extremo bem e o extremo mal, são quimeras”. Pois bem; ocorre
eventualmente em várias partes do mundo, com mais frequência em países com
pouca educação, o chamado “efeito manada”. Quando um número expressivo de
pessoas adere a uma causa, logo encontra um número considerável de seguidores.
Procuro ser sempre comedido com estas paixões extremadas, nem sempre consigo,
mas procuro. Jamais usarei uma camiseta com o “# somos todos Moro”, assim como
nunca morri de amores pelo juiz Joaquim Barbosa, por ele ter defendido uma
causa pela qual eu era simpático. Agora, muitos dos que o adoravam estão a
criticá-lo por uma colocação sua desfavorável ao impeachment da Dilma. Menos
povo, menos. A moda agora é o “Somos todos Chape”. Todos são torcedores do time
da Chapecoense pelo fato de ter ocorrido uma tragédia com seus atletas.
Qualquer ser humano que não seja “todo chape” é um insensível, um desumano, um
crápula. Menos povo, menos. Também estou sentido com a morte dos atletas e de
todos os que estavam no fatídico voo, mas nem por isto saí de casa em
desabalada carreira para participar dos funerais e não acho justo que se
critique quem foi, e nem quem não foi. O “efeito manada” explica o porquê
destas atitudes extremadas. Quero ver que camiseta vestirão quando começarem a
chegar, por parte dos mortos no acidente, ações trabalhistas, civis e criminais
contra o clube. Um pouco de cautela no momento do calor dos fatos não faz mal a
ninguém. Menos povo; muito menos.
Quando houve a tragédia em
Santa Maria, na boate Kiss, a presidente Dilma cancelou alguns compromissos
importante e foi prestar solidariedade aos familiares. Na época, por muitos,
foi injustamente classificada como demagoga. Não houve translado de corpos. As
circunstâncias eram outras, a presidente fez o que era conveniente para a época
e foi criticada. Agora, o presidente Temer fez também o que lhe cabia, foi
recepcionar o corpo dos jogadores no aeroporto de Chapecó. Está sendo criticado
por não ter manifestado que iria as homenagens no estádio. Tivesse ele se
disposto a comparecer no local, já de pronto, poderia também ser taxado de
demagogo como foi Dilma. É difícil mesmo fazer os outros pensarem com a nossa
cabeça. A intolerância do povo é uma constante.
A “novilíngua” não tem
limites. Aos poucos nos faz cabrestear. Tudo o que aprendemos passa a ter um
novo significado, quando não diferente do real, exatamente o seu oposto. O
politicamente correto nos impede e/ou proíbe de falar as coisas da mesma forma
que aprendemos. Exemplos não faltam: cego, negro, anão etc. foram apenas
amenizados, e nos obriga, aos poucos a usarmos expressões diametralmente o
oposto do que realmente são. No projeto de combate a corrupção, os nobres
deputados fizeram alguns ajustes que o transformou em um salvo conduto para
cometer todo e qualquer tipo de falcatrua. Assim agiu Dilma em 2013 quando o
povo foi para as ruas pedir uma coisa, e
ela malandramente prometeu atendê-los, dando outra totalmente diferente da
reivindicada. Nesta ocasião eu a critiquei. Agora o povo pede o fim da
impunidade e o congresso aprova o fim, mas o fim da punibilidade. Sinceramente
não sei de quem foi o ato mais criminoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário