terça-feira, 27 de outubro de 2015

DO PASSADO AO PRESENTE.

                                   Chama-se incompetência, se não é coisa pior, o fato de um jornalista fazer uma entrevista com um cidadão que está sendo acusado de usar da influência de Lula quando era presidente, para beneficiar empresas e intermediar negócios escusos, e quando pergunta se ele tinha alguma relação com o ex presidente, negar. Negou como Pedro negou Cristo. Disse inclusive que nem tinha crachá para entrar no palácio do planalto, sendo que uma revista publicou a foto de uma autorização para este cidadão não ser barrado e ter entrada franca e direta no gabinete presidencial. Incompetência, ou é outra coisa?

                            Segundo conversas, Lula estaria indignado com a operação da Polícia Federal no escritório de um de seus filhos. Culpa, direta ou indiretamente, a atual presidente por isto. Se pegarem o Lula, pensa Dilma, vão me esquecer. E penso que ela tem razão. Os crimes cometidos por ela serão considerados ínfimos quando começarem a desvendar os rolos que o seu criador fez para chegar e se manter no poder, e ainda por cima seguir governando.
Relendo algumas obras, me deparei com o clássico da literatura gaúcha “Antonio Chimango” de Amaro Juvenal, pseudônimo de Ramiro Barcelos, adversário político de Julio de Castilhos. Nesta obra ele satiriza a forma de escolha do seu sucessor Borges de Medeiros, ao qual serviu a alcunha. A semelhança do que se satirizou com o que, de fato, ocorreu na escolha sucessória para a presidência da república pós Lula, é de muita semelhança quando se lê os seguintes versos:
Um dia chamou o Chimango
E disse: escuta, rapaz,
Vais ser o meu capataz;
Mas, tem uma condição:
As rédeas na minha mão,
Governando por detrás.
Assim creio ter sido a ciência que o Lula teve para escolher Dilma, com a intenção de que ela fosse obediente, conforme seguem os versos:
Sei que tu és maturrango,
Porem, dou-te a preferência.
Nisto está minha ciência,
Escolhendo-te entre os outros;
Eles sabem domar potros,
Mas tu tens a obediência.
    -   x   -
Toda a minha gente é boa
Pra parar bem um rodeio,
Boa e fiel, já ló creio,
Mas, eu procuro um mansinho,
Que não levante o focinho
Quando eu for meter-lhe o freio.
Parece ter dado certo no primeiro mandato, mas agora parece que o Chimango se rebelou.
Afonso Pires Faria, 27 de outubro de 2015.

“Não há tirania pior do que obrigar um homem a pagar pelo que ele não quer, simplesmente porque você acha que isso seria bom para ele.” Robert A. Heinlein

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