Chama-se incompetência, se não é coisa pior, o fato de um
jornalista fazer uma entrevista com um cidadão que está sendo acusado de usar
da influência de Lula quando era presidente, para beneficiar empresas e intermediar
negócios escusos, e quando pergunta se ele tinha alguma relação com o ex
presidente, negar. Negou como Pedro negou Cristo. Disse inclusive que nem tinha
crachá para entrar no palácio do planalto, sendo que uma revista publicou a
foto de uma autorização para este cidadão não ser barrado e ter entrada franca
e direta no gabinete presidencial. Incompetência, ou é outra coisa?
Segundo conversas,
Lula estaria indignado com a operação da Polícia Federal no escritório de um de
seus filhos. Culpa, direta ou indiretamente, a atual presidente por isto. Se
pegarem o Lula, pensa Dilma, vão me esquecer. E penso que ela tem razão. Os
crimes cometidos por ela serão considerados ínfimos quando começarem a
desvendar os rolos que o seu criador fez para chegar e se manter no poder, e
ainda por cima seguir governando.
Relendo algumas obras,
me deparei com o clássico da literatura gaúcha “Antonio Chimango” de Amaro
Juvenal, pseudônimo de Ramiro Barcelos, adversário político de Julio de
Castilhos. Nesta obra ele satiriza a forma de escolha do seu sucessor Borges de
Medeiros, ao qual serviu a alcunha. A semelhança do que se satirizou com o que,
de fato, ocorreu na escolha sucessória para a presidência da república pós
Lula, é de muita semelhança quando se lê os seguintes versos:
Um dia chamou o Chimango
E disse: escuta, rapaz,
Vais ser o meu capataz;
Mas, tem uma condição:
As rédeas na minha mão,
Governando por detrás.
Assim creio ter sido a
ciência que o Lula teve para escolher Dilma, com a intenção de que ela fosse
obediente, conforme seguem os versos:
Sei que tu és maturrango,
Porem, dou-te a preferência.
Nisto está minha ciência,
Escolhendo-te entre os outros;
Eles sabem domar potros,
Mas tu tens a obediência.
- x -
Toda a minha gente é boa
Pra parar bem um rodeio,
Boa e fiel, já ló creio,
Mas, eu procuro um mansinho,
Que não levante o focinho
Quando eu for meter-lhe o freio.
Parece ter dado certo
no primeiro mandato, mas agora parece que o Chimango se rebelou.
Afonso
Pires Faria, 27 de outubro de 2015.
“Não há tirania pior do que obrigar um homem a
pagar pelo que ele não quer, simplesmente porque você acha que isso seria bom
para ele.” Robert A. Heinlein
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