segunda-feira, 31 de agosto de 2020

SE NÃO O TIVESSEM MATADO!


Foi uma gravidez, além de indesejada, com algumas complicações. Família pobre, sem bens e desestruturada. A infância foi difícil, desnutrição, pouca atenção por parte dos que lhe cuidavam. Pai desconhecido e mãe com problemas comportamentais. Foi criado pela mão, hora de tios, ora de avós. Todas as dificuldades o fizeram criar interesse pelo mundo fora do seu meio. Aprendeu a ler quase que sozinho, teve sucesso já nos primeiros anos de escola. Sempre a frente de seus colegas, o que despertou interesse por parte de alguns professores que lhe adotaram intelectual e moralmente. Já com 17 anos não convivia mais com a família que lhe abandonara, mas sempre procurava, vez por outra, contato com eles. Quase sempre não correspondida. Por estas coincidências da vida conseguiu um auxilio governamental e se formou em medicina. Tinha o sonho de salvar vidas, por isso se especializou na cura da doença mais letal da época, o câncer. Foi através de pesquisas e de muita curiosidade e vontade de ajudar o próximo que, com a estimulo de alguns professores criou um medicamento que, se não curava todo o tipo da doença, praticamente eliminava as sequelas e as dores por ele causado. Não demorou muito e o tratamento por ele criado evoluiu e poderia se dizer que a doença maligna foi praticamente erradicada. Parece ter sido fácil, mas não foi. Para chegar onde chegou teve que enfrentar muitas dificuldades. Muitas desconfianças e invejas e aplicação de técnicas fora do que a ciência recomendava, fizeram que ele fosse muitas vezes, boicotado. Os auxílios recebidos por parte dos professores no início de seus estudos geraram algumas desconfianças e ciúmes por parte de colegas. Para chegar até a escola, teve que se indispor com familiares que o queriam ajudando nos afazeres nada honestos dos quais estes se ocupavam. Seus amigos de infância não o convidavam para brincar, pois ele muitas vezes recusava as ofertas para ficar lendo. Algumas vezes teve que se esconder ou fugir de emboscadas que sua família sofria por grupos rivais. Mas ele, ele mesmo não conseguiu escapara da mais cruel e nefasta das armadilhas. Ele foi abortado e a cura para a doença fatal da humanidade não pode ser criada. Sigam, meus senhores e senhoras defendendo o aborto e inviabilizando, quem sabe, muitos prodígios que poderiam ter nascido e salvado muitas vidas, mas foi abortado por um capricho familiar e a conivência das leis.

Afonso Pires Faria, 31.08.2020.

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