Foi uma gravidez, além
de indesejada, com algumas complicações. Família pobre, sem bens e
desestruturada. A infância foi difícil, desnutrição, pouca atenção por parte
dos que lhe cuidavam. Pai desconhecido e mãe com problemas comportamentais. Foi
criado pela mão, hora de tios, ora de avós. Todas as dificuldades o fizeram
criar interesse pelo mundo fora do seu meio. Aprendeu a ler quase que sozinho,
teve sucesso já nos primeiros anos de escola. Sempre a frente de seus colegas,
o que despertou interesse por parte de alguns professores que lhe adotaram
intelectual e moralmente. Já com 17 anos não convivia mais com a família que
lhe abandonara, mas sempre procurava, vez por outra, contato com eles. Quase
sempre não correspondida. Por estas coincidências da vida conseguiu um auxilio
governamental e se formou em medicina. Tinha o sonho de salvar vidas, por isso
se especializou na cura da doença mais letal da época, o câncer. Foi através de
pesquisas e de muita curiosidade e vontade de ajudar o próximo que, com a estimulo
de alguns professores criou um medicamento que, se não curava todo o tipo da
doença, praticamente eliminava as sequelas e as dores por ele causado. Não
demorou muito e o tratamento por ele criado evoluiu e poderia se dizer que a
doença maligna foi praticamente erradicada. Parece ter sido fácil, mas não foi.
Para chegar onde chegou teve que enfrentar muitas dificuldades. Muitas
desconfianças e invejas e aplicação de técnicas fora do que a ciência
recomendava, fizeram que ele fosse muitas vezes, boicotado. Os auxílios
recebidos por parte dos professores no início de seus estudos geraram algumas
desconfianças e ciúmes por parte de colegas. Para chegar até a escola, teve que
se indispor com familiares que o queriam ajudando nos afazeres nada honestos
dos quais estes se ocupavam. Seus amigos de infância não o convidavam para
brincar, pois ele muitas vezes recusava as ofertas para ficar lendo. Algumas
vezes teve que se esconder ou fugir de emboscadas que sua família sofria por
grupos rivais. Mas ele, ele mesmo não conseguiu escapara da mais cruel e
nefasta das armadilhas. Ele foi abortado e a cura para a doença fatal da
humanidade não pode ser criada. Sigam, meus senhores e senhoras defendendo o
aborto e inviabilizando, quem sabe, muitos prodígios que poderiam ter nascido e
salvado muitas vidas, mas foi abortado por um capricho familiar e a conivência
das leis.
Afonso Pires Faria, 31.08.2020.
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