quarta-feira, 22 de maio de 2019

CUIDEM DE MIM QUE EU NÃO SEI CUIDAR.


Pode parecer revoltante, mas é plenamente justificável. Os informativos locais gastam quase todo o tempo de reportagem falando e carência de educação e saúde. Uma simples informação de falta de médicos em um posto de saúde, é contemplado com mais do que o dobro do tempo necessário para isso. Entrevistam um paciente, outro e mais outro, sempre com situações, as vezes pueris como uma simples dor de barriga, mas se tornam um drama quando relatado pelo paciente. É justo o pagador de impostos passar por estas carestias? Claro que não, mas o drama não é tamanho que justifique tal espaço de reportagem e nem tamanha relevância. Não deixa de ser diferente em outro assunto muito significativo para a população que é o ensino. Alunos de uma escola que sentiram necessidade de uma área de convivência, pois a que tinham foi interditada por estar em péssimo estado de conservação, vira um drama shakespeariano. Alunos reclamam de forma acintosa e em tons dramáticos a falta que faz o espaço que lhes foi usurpado. Encenam um teatro para demonstrar o fato, mas se olhássemos o local ora faltante a pouco tempo atrás, se veria um ótimo patrimônio. Não conservaram, picharam, quebraram e usaram o bem como se não fosse seu, de fato não era. Tivessem sido chamados a responsabilidade de consertar o que haviam quebrado, estariam os mesmos, queixando-se da arbitrariedade e truculência do poder público para com a comunidade. Mas que reclamem e que se divulguem as reclamações. Agora pergunta para qualquer um se eles não achariam melhor que eles, em vez do governo cuidasse destas necessidades! Mesmo os que admitirem que seria melhor eles próprios serem responsabilizados pelo que hoje pleiteiam, se perguntado em que ideologia votaram, a maioria dirá que foi em um candidato que lhe prometeu todas as facilidades e que hoje está lhe negando. A séculos é assim: entregam tudo aos cuidados do governo, e depois reclamam que não são atendidos. Quando lhes é oportunizado alterar o sistema, negam-se a fazê-lo. Preferem mesmo ser gado.
Afonso Pires Faria, 22.05.2019.

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