segunda-feira, 27 de maio de 2019

BOAS MANEIRAS E PARCIMÔNIA.


Conversar civilizadamente com àqueles que pensam diferente de nós, só nos faz bem e nos engrandece. Saber ouvir, discordar e expressar a discordância de forma elegante sem com a réplica, impedir a tréplica, é uma arte. Estou exercitando esta prática com algum êxito. Também aprendi que o que desarma mais um oponente agressivo é uma lisonja. Como faz bem ouvir pessoas sabidamente mais esclarecidas do que nós e tirar proveito disso. A princípio não é fácil pois pode passar a impressão de humilhação, mas não é nada disso, já ensinava Hugo de São Vitor. É difícil aceitarmos opiniões divergentes quando o assunto é espinhoso como política e religião. Já o futebol é um caso à parte porque não temos lógica, só paixões. Se a religião exige de nós uma parcimônia elevada para aceitarmos trocar ideias com um ateu, sendo nós fervorosos defensores do criacionismo e na existência divina, na política a coisa fica um pouco mais complicada. A fé de uma pessoa tem que ser respeitada. Até a inexistência dela. Mas quando se trata de política o assunto não exige tanto respeito e temos que, muitas vezes, nos conter para não perdermos a calma ao notar que estamos falando com uma pessoa que defende ao mesmo tempo um e outro lado. Fica difícil aceitar a pecha de fascista, vindo de um sujeito que defende um Estado que tudo pode, que a ele tudo devemos, e podemos e devemos dele tudo cobrar. Se dizem do bem e defendem regimes autoritários, são defensores das minorias e estampam no peito uma imagem de um sujeito que confinou a um campo de concentração, pessoas inocentes, pelo simples fato de terem uma orientação sexual minoritária. Um defensor da lisura nas lides com o erário que contesta a condenação de um ídolo seu, já condenado em várias instâncias, com todos os direitos de defesa possíveis e impossíveis, não pode ser levado a sério. Aquele que defende que no período militar só houve progresso, que os governos, todos, foram honestos e que não houve nenhum ato de exceção, só porque os presidentes morreram pobres, e que alguns que se disseram vítimas de torturas mentiram, também não podem ter muito prestigio. Um assunto que poderia ser discutido com facilidade, pois trata-se de ideias, somente ideias e não paixões, torna-se impossível de ser abordado porque seus debatedores não aceitam utilizar o cérebro ou o coração para tal, preferindo o fígado e eventualmente até mesmo o órgão excretor para tomada de decisões.

Pelas mãos de quem virá a resolução dos problemas existentes no nosso país, pouco importa. Mas a ideologia que ele defende é de fundamental importância.
Afonso Pires Faria, 27.05.2019.

Um comentário:

  1. De fato muitos ao discorrer sobre política usam mais o órgão excretor que se confunde com a Boca, pois daqueles cérebros não sair outra coisa. De resto concordo plenamente com tuas considerações descritas no texto muito bom.
    Abs. Dilson

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