Conversar civilizadamente com àqueles que pensam diferente de nós, só
nos faz bem e nos engrandece. Saber ouvir, discordar e expressar a discordância
de forma elegante sem com a réplica, impedir a tréplica, é uma arte. Estou
exercitando esta prática com algum êxito. Também aprendi que o que desarma mais
um oponente agressivo é uma lisonja. Como faz bem ouvir pessoas sabidamente
mais esclarecidas do que nós e tirar proveito disso. A princípio não é fácil
pois pode passar a impressão de humilhação, mas não é nada disso, já ensinava
Hugo de São Vitor. É difícil aceitarmos opiniões divergentes quando o assunto é
espinhoso como política e religião. Já o futebol é um caso à parte porque não
temos lógica, só paixões. Se a religião exige de nós uma parcimônia elevada
para aceitarmos trocar ideias com um ateu, sendo nós fervorosos defensores do
criacionismo e na existência divina, na política a coisa fica um pouco mais
complicada. A fé de uma pessoa tem que ser respeitada. Até a inexistência dela.
Mas quando se trata de política o assunto não exige tanto respeito e temos que,
muitas vezes, nos conter para não perdermos a calma ao notar que estamos
falando com uma pessoa que defende ao mesmo tempo um e outro lado. Fica difícil
aceitar a pecha de fascista, vindo de um sujeito que defende um Estado que tudo
pode, que a ele tudo devemos, e podemos e devemos dele tudo cobrar. Se dizem do
bem e defendem regimes autoritários, são defensores das minorias e estampam no
peito uma imagem de um sujeito que confinou a um campo de concentração, pessoas
inocentes, pelo simples fato de terem uma orientação sexual minoritária. Um
defensor da lisura nas lides com o erário que contesta a condenação de um ídolo
seu, já condenado em várias instâncias, com todos os direitos de defesa
possíveis e impossíveis, não pode ser levado a sério. Aquele que defende que no
período militar só houve progresso, que os governos, todos, foram honestos e que
não houve nenhum ato de exceção, só porque os presidentes morreram pobres, e
que alguns que se disseram vítimas de torturas mentiram, também não podem ter
muito prestigio. Um assunto que poderia ser discutido com facilidade, pois
trata-se de ideias, somente ideias e não paixões, torna-se impossível de ser
abordado porque seus debatedores não aceitam utilizar o cérebro ou o coração
para tal, preferindo o fígado e eventualmente até mesmo o órgão excretor para
tomada de decisões.
Pelas
mãos de quem virá a resolução dos problemas existentes no nosso país, pouco
importa. Mas a ideologia que ele defende é de fundamental importância.
Afonso
Pires Faria, 27.05.2019.
De fato muitos ao discorrer sobre política usam mais o órgão excretor que se confunde com a Boca, pois daqueles cérebros não sair outra coisa. De resto concordo plenamente com tuas considerações descritas no texto muito bom.
ResponderExcluirAbs. Dilson