Toda a vez que o
fato a ser noticiado ou informado não for agradável ou até mesmo perigoso, é de
bom alvitre que seja destilado aos poucos para não causar muitos traumas a quem
recebe a referia informação. Este cuidado sempre foi tomado quando se noticia, por
exemplo, a perda de um ente querido muito próximo. Não só de boas intenções se
cercam os cuidados para utilização desta tática. É esta uma forma de persuasão
que pode ser percebida na “janela de Overton”. Quando sabidamente a intensão
não é boa, não é de chofre que se anuncia a sua notícia. Primeiro nega-se
veementemente, depois de forma menos explícita, passa-se a admitir como
possível, e no final ela já é considerada como inevitável. Se a execução do
mal, segundo Maquiavel, deve ser feita de uma só vez, a notícia, deve ser dada
em doses homeopáticas. Foi assim com o Foro de São Paulo e também assim é, com
todas as maldades que os donos do mundo pretendem implantar no nosso planeta. A
desqualificação de seus oponentes, queima da reputação e quando não o da própria
vida, são métodos utilizados sem nenhum escrúpulo. Quando se quer rebaixar o
oponente, o chamam de “terraplanista”, mesmo sem saber se ele é mesmo defensor
desta teoria. Mas convenhamos que seja. Que mal causa a humanidade um sujeito,
se ele defende que a terra é plana e não esférica? Acaso ele irá impor um
aplanamento terrestre? Claro que não. Estes podem imaginar o que quiserem e
tentar convencer a quem lhes bem entender de suas teorias, sem que isso cause
algum mal a humanidade. Mas são ofendidos por isso. Não vi ainda ninguém ser
ofendido com o epiteto de “aquecimentista”, por exemplo. Pois estes que tanto
mal causam, impedindo o progresso e a produção de alimentos, são venerados. Em
nome de uma pseudociência, afirmam uma elevação da temperatura terrestre. Pior
causada pelo homem. O apelo ao sentimento, dizendo-se eles, os salvadores da
vida, fazem exatamente o contrário, comovem os incautos.
Sendo os poderes independentes entre si, não poderia um
interferir nas ações do outro, salvo em algumas exceções previstas e muito bem
explicitadas na lei. No caso dos três poderes, a única norma a ser observada
deveria ser a lei suprema: a Constituição Federal. Quando se é complacente com
as leis menores, injustiças são cometidas, mas se a lei maior é vilipendiada,
deixa de ser uma injustiça e colocamos em risco as instituições, o que pode nos
remeter a uma mudança de regime. Em detrimento da democracia adentraríamos em
um terreno pantanoso que beira a anarquia ou ditadura. Cada poder da República
tem a sua forma de escolher seus representantes e suas atribuições são claramente
explicitadas. Gostemos ou não são estas as normas. Cabe somente ao poder
Legislativo a sua alteração. Suas responsabilidades, direitos, prerrogativas e
obrigações, estão muito bem normatizadas. Os freios e contrapesos foram criados
para que nenhum dos três, poderes da República se sobrepusesse a outro. Nenhum
age sem a concessão e/ou fiscalização de, pelo menos um dos outros. Cada um que
cumpra a sua tarefa sem se imiscuir na ceara alheia. Judiciário justiça,
executivo executa e parlamento “parlata”, (fala). Para que o representante do
povo faça o que lhe é atribuído, foi-lhe concedida a imunidade parlamentar,
para justamente fazer voz aos que lhe escolheram para tal função. No momento em
que pessoas comuns, como artistas fazem uso da palavra para proferirem
impropérios contra autoridades legalmente instituídos e nada lhes acontece, o
parlamentar, sente-se na obrigação de se fazer representar também falando. Mas vivemos
momentos estranhos no nosso país. Qualquer um até hoje, pode proferir
“discursos de ódio” e até ameaçar o representante do poder executivo de morte,
sem que nenhuma punição lhe fosse imputada. Mas bastou o agredido ser um membro
de outro poder, e o agressor, mesmo com direitos para isso, que a regra mudou. Disse
o parlamentar, o que os seus representados queriam que dissesse, e foi
injustamente preso. Submetido a julgamento pelos seus pares, estes deixando de
analisar o principal, que era a ilegalidade da prisão, focaram em filigranas
morais e éticas, jogando o infeliz aos leões. Colherão os frutos disso. Hoje
foi o corajoso deputado de direita, amanhã, será um deles. Dando-se conta da
armadilha em que se meteram, estão tentando criar uma PEC para impedir que isso
novamente aconteça, esta, dizendo exatamente o que já está explícito na
Constituição. Quantos outros crimes mais graves já foram cometidos e mofam nas
gavetas dos iminentes ministros e quantos outros já prescreveram sem que
houvesse nenhuma punição. Sim, mas o que importa para os que desejam a queda do
governo não é o crime em si e sim quem o praticou, independentemente de sua
gravidade. Foi nesta armadilha que entrou o deputado Daniel Silveira. Indignado
com o que julgava injusto e imaginando-se dentro de suas atribuições,
manifestou-se, e pagou por isso. O povo
e seus representantes, devem respeito as instituições e a seus membros e estes
deveriam ter um maior apreço a democracia. Não é o que está parecendo ocorrer
no nosso país.
Afonso Pires Faria, 11.05.2021.
Gosto muito da clareza, com que escreves.
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