Eu sempre fui muito calmo, meio
pateta, e tenho pouco tino para negócio. Para me lograr, não precisa muito
esforço, eu mesmo me logro sozinho. Mas as vezes....Bom, vou contar: Quando
lançaram o modelo novo de Ford Escort
Hobby, eu tinha um outro modelo e resolvi trocar por um destes novo,
1.0, bem econômico, diziam que atingia pouca velocidade mas, para mim isto
fazia pouca diferença pois eu era mais um asno no volante do que um as no
volante. Fui à revenda vi o preço, cabia no meu orçamento, vendi o carro velho
e dei de entrada, o restante financiei no Banco do Brasil. Quando da venda eu
tive que entregar o carro e fiquei esperando a entrega do meu carro novo,
prometido para 10 ou 15 dias. Paguei a entrada e encaminhei a papelada para o
financiamento que não demorou muito. O maior atraso foi a ida e vinda do
contrato para assinatura do avalista, meu pai, lá em São Sepé. Para fazer o
pedido a firma me exigiu que a parte financiada, fosse assegurada com um cheque
do valor do financiamento. Eles avisaram que era somente pró forma, que não
seria descontado e que aquilo era para eles poderem garantir a compra junto a
fábrica. Fiz o cheque e, para minha surpresa, este foi descontado no dia
seguinte. Isto me causou um enorme problema, pois eu sendo funcionário não
poderia “estourar” a conta, que foi o que ocorreu, pois o valor era bem acima
do que eu possuía. Tive que fazer uma carta para a gerencia e solicitar junto a
revenda, outra explicando que a culpa tinha sido deles etc. Multa, juros e
taxas, tudo ficou por minha conta. Passaram-se os 10 e os 15 dias e nada da
entrega. Um dia eles me chamaram e disseram que o valor do carro tinha
aumentado e que eu teria que pagar esta diferença. De boa paz, aceitei. Mais
uns dias ele novamente me chamaram para me dizer que o financiamento tinha sido
creditado na conta deles, mas eles tiveram que fazer uma aplicação do referido
valor e teriam um prejuízo que eu teria que arcar com o valor. Desta vez, um
pouco contrariado e com fracas argumentações, fui convencido de arcar com mais
este prejuízo. E nada do tal de automóvel chegar, já se passavam uns 30 dias e
eu, pacientemente ainda a espera. Quando me avisaram que o carro havia chegado,
encaminhei uma viagem a Santa Maria, pois meu avô estava gravemente enfermo.
Isto foi em uma sexta feira. Eu saí do trabalho e fui buscar o referido veículo
para no dia seguinte viajar. Na hora da entrega uma surpresa: o veículo não
possuía tapetes, luz de cortesia, o acesso a parte traseira era somente pelo
banco do carona, pois o do motorista era fixo, e isso me deixou um pouco
contrariado. Quando foram me entregar as chaves, outra surpresa, eu teria que
deixar um cheque no valor da diferença de preço e mais o alegado prejuízo na
aplicação. Esclareci que não dispunha de talão de chegues, mas que me dispunha
a assinar uma nota promissória ou qualquer outra garantia. Não. Tem que ser
cheque. Foi aí que eu disse NÃO. Encarei o vendedor e disse: chama o teu chefe.
- Ele está em reunião. - Eu espero. – Vai demorar. – Não tenho pressa, onde é?
E ele me levou para um andar acima e eu sentei em uma poltrona e esperei até
terminar a reunião quando fui apresentado ao Sr. Schneider o qual eu encarei e
sem nenhuma cerimonia, relatei os fatos a ele e disse: - Agora vocês peguem a
chave deste carro e enfiem no cu, que eu não o quero mais. O homem sem perder a
calma me devolveu a chave e me disse para ir embora de carro que na volta nós
resolveríamos o caso. Eu novamente disse NÃO. – Eu suportei todas estas
humilhações e não vou aceitar pagar nem o que havia prometido. Ele disse para
eu fazer a viagem tranquilo e que quando voltasse entregasse o carro. Avisei
que não pagaria. Ele disse que eu estava certo. Fiz a viagem, voltei, entreguei
o Escort, já com alguma quilometragem a mais e o gerente me disse para eu ir
busca-lo em uma semana. Entregaram-me o carro com todos os acessórios antes faltantes
e eu não precisei pagar mais nenhum centavo. O tratamento que dispensavam a
mim, depois do incidente, era surpreendente. Eu até me sentia constrangido
pelas deferências que me eram prestadas por parte de todos os funcionários da
concessionária. É sou muito calmo mesmo, mas....
Afonso
Pires Faria, 13.02.2019.
O Afonsinho, tu tiveste um dia de Negro Bonifácio.
ResponderExcluirMe arrisco até a dizer que te assemelhaste a um cidadão (que conheço bem) que desceu o braço num professor na UFSM. Sabe o que aconteceu como o agressor? Virou médico (dizem que bem "mais ou menos). E o agredido, que era sócio do Laboratório Osvaldo Cruz teve de sair da sociedade porque perderam dinheiro (muito dinheiro). Arrisco até a dizer que agente deve mandar alguém "tomar no cú" todo o santo dia.. Salvo melhor juízo.