domingo, 3 de fevereiro de 2019

O RIO GRANDE TODO PERDEU!



          Um brocado diz que o homem para marcar sua passagem nesta vida, tem que deixar três coisas: fazer um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Pois filhos, foram dois; se árvore plantou alguma, não sei, mas muitas delas tiveram que ser ceifadas para eternizar a sua obra literária. Se o número de livros que produziu, foi grande, o seu conteúdo é muito mais valioso ainda. Obras todas elas, fruto de uma profunda pesquisa sobre diversos assuntos da história do nosso estado. Devo ter lido todas. A grande maioria me exigiu um esforço descomunal para terminar a leitura. Somente nos últimos anos tive coragem e me senti em condições de conversar com ele. Certa feita eu, politicamente incorreto como sou, cometi uma indelicadeza quando alguém falou que sentiria muito a morte de um parente seu e eu lhe disse: Quem não pode morrer é o Cesar. Pois ele se foi. Não adiantou eu torcer pela sua mais longa existência para seguir nos brindando com seu vasto conhecimento e dedicação em difundi-lo. Tive o prazer de desfrutar uma proveitosa conversa com ele. Sim, uma, pois as demais eu de nada aproveitava tamanho a diferença de cultura que nos separava. No início, eu o achava inacessível, pois as suas conversas pareciam fustigar os incultos de perto de si, depois, senti inveja de seus conhecimentos e por último pude, por fim, desfrutar de um bom tempo de uma agradável e proveitosa conversa com ele. Certa feita eu discutia com outra pessoa sobre um assunto que eu bem dominava e o meu oponente, na falta de argumentos, tentou encerrar o assunto com uma “ofensa”, disse-me ele: tu estás igual ao Cesar. Pronto. Cheguei ao ápice do meu orgulho. Quer ver um anão satisfeito é compará-lo a um gigante. Fiquei lhe devendo  uma visita, lá no Trancoso Cezar, pois não coincidiu as nossas idas para aquelas bandas. Não foi em vão, pelo menos para mim, a tua estada neste plano. Tudo o que eu perdi de aprender pessoalmente contigo, aprendi com a tua literatura. Fostes, mas deixastes um legado invejável, que sirva isto de conforto para os mais próximos, assim como está servindo para mim.
Afonso Pires Faria – 03.03.2019.

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