sábado, 2 de fevereiro de 2019

FIASQUEIRA.



          O apressado come cru. Sim, não só o apressado, mas mais propriamente o afobado. Agora, com a facilidade que temos de informação, surgiu gente com o mais alto grau de ignorância jurídica, se vendo na obrigação de debater de igual para igual com juristas de respeito. Qualquer decisão tomada por um juiz da suprema corte, tendo ele anteriormente dido dado uma decisão contrária ao nosso desejo, é contestada de pronto, ainda mais se esta também nos desagrada. Não se dão conta estas criaturas, que existem muitas condicionantes que obrigam um magistrado a tomar uma decisão ou outra, a qual nós, que não temos acesso aos autos, desconhecemos. Vejam agora o caso da votação aberta ou fechada para escolha do presidente do senado. Os próprios senadores que já apelaram para o STF, para evitar determinada atitude por parte da presidência da casa, hoje criticam a intervenção daquele nesta casa, mesmo sabendo que o judiciário somente age nestes casos, se provocado, portando não pode ser considerado como uma intervenção pura e simples de um poder no outro. Sofismas e tergiversação são proferidos a todo o momento por ambas as partes, os que querem voto aberto e os que o querem secreto. O comportamento dos nobres senadores, que se chamam entre si de vossas excelências, fazem com que uma briga de bugios seja considerado algo da mais fina elegância. Os que defendem o voto aberto invocam a Lei maior do país que diz que deve existir transparência nos atos dos representantes do povo, os do outro lado, citando a mesma carta, falam no direito ao voto secreto. Também temos o regimento interno da casa que explicita que o voto para escolha do presidente é secreta, mas foi feito uma votação e foi decidido, no voto, que a votação seria aberta. Um advogado constitucionalista e outo especialista em direito parlamentar, não chegariam fácil, a um consenso. Mas o que mais me deixa preocupado é que tem gente que, mesmo sabidamente sendo um analfabeto funcional, já tem a solução para o problema e a que for tomada pelos nobres representantes da câmara alta não condisserem com a dele, eles serão classificados como despreparados. É o risco que se corre em termos um país eivado de burros altamente estimulados.

PS: Este texto foi escrito antes do término da votação.
Afonso Pires Faria.  

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