Já não sou mais criança, já
servi a pátria, já estudei, casei, tenho filhos, trabalhei e me aposentei. E
desde que aprendi a gostar de política, vejo falar das inconsistências
salariais, das diferenças entre um e outro poder. Mas já nos primórdios dos
meus estudos sobre este assunto eu li uma notícia de uma lei que iria colocar
por fim, um teto nos salários. Ninguém, mas ninguém mesmo poderia ganhar mais
do que o presidente do supremo tribunal federal, era na época o maior salário
oficial vigente no país. Pronto, solucionado o problema pensei eu. Ledo engano.
Já se passaram um bom par de dezenas de anos e não passa ano que um deputado ou
senador não elabore e ponha em votação e aprove outra lei que, desta vez sim,
irá limitar os salários. Este é um dos vários e diversos exemplos de leis que
são feitas para enganar bobo. Todos sabem que ela não vai vingar, mas, são
feitas várias e diversas reuniões com os senhores parlamentares para fazer os
ajustes, convoca-se comissões, representantes do povo e entidades
representativas do setor agrícola, industrial e por aí vai. Finalmente a
montanha pari o ratinho, que não vai servir para nada alem de base para o
estudo de outra lei, que versará sobre o mesmo assunto, com termos mais
pomposos e intenções mais altruístas. Na região serrana do Rio Grande, Caxias, Farroupilha,
Carlos Barbosa, Garibaldi e Bento, existe um projeto de reutilização da via
férrea para se implantar o trem regional. Já fui a uma audiência pública, que é
o que eles fazem para legitimar o processo e foi apresentado uma verdadeira
obra de arte, com filme, desenhos e estudos com verbas já aprovadas pelos
ministérios do turismo e fazenda, restando somente a decisão de que tipo de
locomotiva iria ser utilizado, ou coisa assim sem a menor significância. O importante
é que estava tudo já certo. Foi preciso só eu fazer um questionamento de o
porquê de tudo aquilo, se sabidamente era um conto de fadas, para eu ser
ridicularizado pelos demais presentes. A uns três anos atrás, já pouco se
falava no tal de trem. Hoje, já nada mais de diz referente ao dito cujo. E
quantos mais outros projetos são elaborados com custos consideráveis para a
população, que sabidamente não frutificarão? Funcionários públicos envolvidos
nestas causas? Muitos. Verbas alocadas para se elaborar um projeto para ser
submetido aos órgãos competentes? Muitas. Tudo isto com o nosso rico
dinheirinho. São obras que não veremos e que produziram gastos pelos quais nós
não podemos cobrar resultados, pois sequer tomamos conhecimento das suas
despesas já que ficou somente no papel a sua elaboração. Ah, e muitos votos
auferidos para os perdulários administradores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário