Algumas vezes me manifestei de forma veemente sobre assuntos
polêmicos no calor dos fatos e me arrependi. Desta vez, terei um pouco mais de
parcimônia ao falar do assunto mundial mais em evidencia: a morde de Fidel.
Como não poderia deixar de ser não existe meio termo quando se referem ao
governante de Cuba, ou é amado ou odiado ao extremo. Alguns conseguem tratar do
assunto sem muitas paixões, somente demonstrando o seu viés ideológico
favorável ou contrário a causa. Dos defensores mais sensatos li “A Ilha” de
Ferando Morais em que ele mostra, sem paixões, as vantagens do modelo
adotado por Fidel para manter o povo minimamente atendido. Algumas
tergiversações aparentes outras um pouco escondidas aparecem na obra do
escritor, mas nada que salte aos olhos como diametralmente oposto ao da
realidade. Um dos exemplos é o fato de afirmar que poucas pessoas passam fome
na Ilha, o que não deixa de ser verdade, mas que se formos considerar o mais
pobre dos estados do nosso país, também é uma realidade, as novas tecnologias
estão a produzir alimentos suficientes para alimentar toda a população mundial,
e se não chega até o seu destino é uma questão de logística ou de má
administração. Do lado dos que criticavam a administração cubana, o que mais se
aproxima da isenção são os textos do professor Percival Puggina, mas já com um
tom um pouco mais apaixonado e menos isento. Não vai aqui uma crítica ao autor,
mas é difícil se ser comedido quando é para falar-se de um governante que,
assim como outros ditadores, cometeram crimes para se manter no poder. Sou
sabidamente um crítico das esquerdas e as vezes me esforço para pender à
isenção, mas é difícil. Creio que cada pessoa tem o direito inalienável de
gostar de um ou de outro tipo de governo. Mesmo eu sendo contra ditaduras, ouço
e respeito, aqueles que se declaram a favor, por exemplo, da ditadura do
proletariado. O que me irrita é quando estes se travestem de democratas. Para
que eu possa eliminar todas as minhas dúvidas sobre o benefício ou não de um
regime como o adotado pelos irmãos Castro na ilha caribenha, eu gostaria que
todos os países tornassem permeáveis as suas fronteiras para emigração.
Liberdade para que o cidadão, não contente com o que ocorre no seu país, seja
livre para sair dele sem nenhuma punição a si e a seus familiares. Creio que
isto já exista e me dá argumentos suficientes para criticar o único regime que
impede este ato. Contra fatos não há argumentos. Pode-se defender alguma ou
outra qualidade do modo de vida dos cubanos, mas não se pode dizer que se vive
lá de livre e espontânea vontade. Somente um tirano submete seu povo a tal
atrocidade. Depois da vida o maior bem de um cidadão é a liberdade e somente um
ditador suprime de seus governados definitivamente um deles, quando não os
dois. Louvar a morte de um ser humano eu não acho um ato muito nobre, mas penso
que, em respeito aos que sofreram por atos seus, não deveriam também serem
respeitados e não serem submetidos a presenciar homenagens tão explícitas ao
seu carrasco.
DEIXAI TODA A
ESPERANÇA, Ó VÓS QUE ENTRAIS (O inferno de Dante)
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