Está difícil explicar para o meu bisneto como as coisas funcionavam
no meu tempo. O mundo que eu vivi é bem diferente do que ele vive hoje e
proporcionalmente seria como se eu, quando jovem me transportasse ao tempo do
homem das cavernas. A noção do que era
um país e uma pátria para ele é inexplicável. Como pode, me perguntou ele, uma
pessoa ter que viver sob um regime e em limites territoriais dos quais não se
adapta? Expliquei a ele que se tu nascesse em um país, para tu saíres dele e ir
morar em um outro, teria que solicitar ao governo autorização para isto e que
no país de destino, teria que ter lá, uma profissão e meios de subsistência. A
forma de governo do país era escolhida pela maioria e a minoria teria que se
submeter a ela. Explicar a ele que eu poderia ser preso por ter uma arma em
casa mesmo sem ter cometido nenhum crime, foi uma missão quase impossível, mais
difícil foi dizer a ele que o governo me obrigava a utilizar o cinto de
segurança enquanto eu estivesse dirigindo e que as pessoas menores de 12 anos,
teriam que, obrigatoriamente sentar em uma cadeira adaptada ao banco. Indagado
de que se eu não fizesse isto, estaria prejudicando alguém que não a mim
próprio, respondi que não. Fui motivo de chacota de porquê então, obedecíamos
leis, que de nada prejudicariam a outros se não a nós mesmos, e o que o tal de
governo tinha a ver com isto. Tive então que explicar que o governo era um ente
que provia todo o cidadão desvalido de suas necessidades básicas, e com isto se
sentia no direito de protegê-lo. Ou seja, o cidadão era obrigado a ser
protegido, mesmo que não quisesse. Mas não seria muito mais fácil, indagou-me
ele, ser como agora que cada um é responsável por si e que tem o direito de
fazer o que desejasse, desde que não prejudique a terceiros, e só, somente só
será considerado culpado de alguma coisa se, de fato, cometer alguma infração?
Se não tinha na época a presunção de inocência do cidadão? Respondi a ele que
tinha sim. Inclusive muitos políticos com muitas provas concretas de crimes
contra o erário público permaneciam impunes alegando esta lógica, mas como o
governo se dizia responsável pelo cidadão, também era responsável por zelar por
sua integridade, mesmo que ele não o quisesse. Meu bisa, vivia em um inferno
concluiu ele.
Tornar
o maior número de cidadãos o mais dependente possível do Estado.
Consequentemente, cobrar-lhe obediência a regras cada vez mais abrangentes, com
a desculpa de conceder-lhe os direitos. Estado cada vez mais gigante e povo
cada vez mais nanico. São estes os ingredientes para a implantação do
totalitarismo em um país. Estão vendo alguma semelhança com o nosso ex governo
? Se ainda não, preste mais a atenção e terás a plena certeza de para onde
estávamos sendo conduzidos.
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