Toda
a família tem lá suas peculiaridades, algumas até muito estranhas. Na em
questão a anomalia era que quem mandava na casa era a mulher. Ou isto não é
nenhuma exceção? Mas não vem ao caso. Dos poucos direitos que o pobre marido
exercia dentro de casa, um era o de comprar ferramentas e utensílios muitas
vezes sem nenhuma utilidade, o que irritava a sua esposa, sobre maneira. O
pobre coitado, cada vez que comprava um alicate, uma lâmpada, um parafuso ou
uma ferramenta de desentupir fio de luz, tinha que entrar com ele em casa as
escondidas. Vivia aquele monte de traquitandas a entulhar gavetas e prateleiras
por dentro de casa sem que tivesse o custo/benefício que a esposa julgava que
devesse ter. A mulher perguntava, para que serviria tal objeto ocupando espaço
naquele armário, se nunca ele havia se utilizado do dito cujo, e o homem ficava
meio sem jeito, pegava o objeto, dizia que iria jogar fora e simplesmente
trocava de esconderijo e o mantinha dentro de casa a atrapalhar o fluxo das
coisas. Ele era incorrigível, não tinha como fazê-lo jogar fora qualquer
entulho que fosse. A mulher, perdendo a paciência, resolveu mudar de tática.
Vendo uma machadinha escondida debaixo de um armário, perguntou ao marido
quando ele chegou do trabalho: Eu estou precisando cortar um osso e a faca não
consegue, tens um machado ou algo similar para eu efetuar esta minha tarefa? O
marido respondeu negativamente. Quando o marido saiu para o trabalho ela,
prontamente pegou quinquilharia e jogou fora. Assim ela repetiu a façanha diversas
vezes, e só assim desobstruiu os locais para guardar os seus potes, panelas,
enquadradador de ovo, raladores de queijo, panela, forma, baixelas de prata e
muitos outras inutilidades domésticas que o marido, astutamente com o tempo deu
fim, utilizando-se da mesma tática que fora usada contra si, quando se deu
conta do sumiço dos seus guardados. Sem nenhuma briga, o casal resolveu dois
problemas, e viveram felizes para sempre. Mas a mulher seguiu mandando. Ou não.
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