ATÉ QUANDO!

Mas é tão difícil assim entender que o que está acontecendo no nosso país após a eleição de Bolsonaro não é uma mera coincidência e que não foi de uma hora para outra que algumas atitudes, que antes eram normais, passaram a ser consideradas criminosas? Notem que antes desta linha que divide ante e após a posse do atual Presidente falar que uma instituição era acovardada, que tinha lá elementos perniciosos, covardes e tudo o que poderia desclassificar uma classe, não era sequer considerado desrespeito e sim motivo de descrédito, ou até mesmo de risos. Começaram a hierarquizar os poderes mesmo que na nossa carta magna esteja explícito que os três, tem o mesmo nível e são harmônicos e independentes. Quando um ministro do stf fala mal e desqualifica o chefe supremo do poder executivo, pode dizer que não falou em nome da instituição e sim em particular. Mas se o cachorro do presidente latir em direção a um jornal que está a sua disposição para fazer as necessidades, e na parte que ele estiver dirigindo o focinho está estampada a foto do ajudante de um dos ministros da alta (baixa) corte, já é considerado motivo de pedido de impeachment do Presidente. Vejam por exemplo o caso da famosa “rachadinha”. Não existe tipificação criminal para tal ato, se não se fosse configurada a intimidação do participante para que contribuísse com parte do seu salário para uma caixinha. Mesmo assim seria a palavra de um contra a de outro, se o chefe do gabinete negar que coagiu o seu servidor a fazer tal prática. Mas daí a envolver o deputado, titular do mandato que tinha como chefe um sujeito que intimava os outros a fazer doações, só se este fosse muito burro e estipulasse em um documento que seus subalternos seriam obrigados a contribuir. Seria o equivalente ao que fazia o pt quando tinha nos seus estatutos que todo o cargo comissionado contribuiria compulsoriamente com um percentual estipulado, para o partido. Mas era o partido popular, do lula, do bem, e daí poderia. Mesmo que sendo tipificado como crime, não foi e nem será alvo de investigação. Eram tempos mais complacentes com os desmandos e tudo se podia fazer. Tudo. Mas não todos. Só os amigos do rei. Quando o desvio era mais expressivo e algum de seus membros discordava, era simples. Se cometia um ato benevolente que agora chama-se de suicídio. Imaginem, impedir que se faça algo ilegal. Mas expressar o desejo de que componentes de um dos poderes sejam presos, faz com que o manifestante seja destituído do cargo e tenha que fugir da nação para não ser preso. Desejar a prisão é um crime mas matar é passível de esquecimento. Eles não descansarão enquanto não fizerem virar realidade a ficção de Jorge Orwell. Também sonham estes esquizofrênicos, com um mundo em que a verdade é mentira e vice-versa. Se facilitarmos, eles implantam o comunismo no mundo inteiro.

Afonso Pires Faria, 27.06.2020.