E
agora eu me encontro solito. Sim, solito, sentado na frente de casa olhando ao
longe, já envelhecido e sem forças para fazer muitas das lidas que dantes me
eram fáceis. A solidão em si não é tão perversa se temos o vislumbre da chegada
de alguém. Mas quando esta esperança fica cada vez mais distante no tempo bate
o desespero. Quanto tu sabes que o mais tardar, ao cair da noite, alguém
chegará para um aconchego, ou mesmo uma prosa, o solilóquio é suportável, mas
quando esta espera não tem um prazo, vem um desalento no cidadão. Durante o
passar de nossa vida, muitas vezes sem querer, vamos construindo muros em nossa
volta e destruindo pontes por detrás de nós, sem nos darmos conta que, quando
não tivermos mais forças, estes obstáculos e facilitadores, serão empecilhos
para a nossa sobrevivência digna. A solidão é um dos piores castigos a que se
pode submeter um ser vivente. Ao destruirmos pontes, que se deixe um vau no rio
e que os muros não sejam fortalezas intransponíveis. Que tenhamos o tirocínio
de vivermos em harmonia com os nossos entes queridos, parentes, amigos,
vizinhos e até mesmo com nossos desafetos. Que as desavenças não sejam
rancorosas que não se permita um retrocesso, um recomeço ou um perdão. E que o
“Me encontro solito” seja, para o final de nossos dias, um “me encontro rodeado
de amigos”. Que moderemos nossos atos para que a segunda opção seja mais
possível que a primeira.
Muito bom, Afonso. A solidão nos abre caminhos que podem nos levar a estradas tortuosas. Mas daí entra a nossa personalidade forte, que acaba nos conduzindo ao trilho certo. Forte abraço! (Kiko Lemos)
ResponderExcluirObrigado Kico, belo comentário. Vindo de um artista com a tua sensibilidade, me enche de orgulho.
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