Algumas coisas apresentam
diferentes significados para as pessoas, de acordo com o meio que elas vivem.
Para um silvícola um relógio de marca tem o mesmo valor prático do que um
similar comprado em um camelô. Assistir a um programa de televisão em um
aparelho de quarenta polegadas com imagem nítida em terceira dimensão para quem
mora no meio urbano não tem a mesma emoção causada a um caboclo vindo do
interior do interior de uma grota qualquer, ele ficará maravilhado com o
espetáculo. Assim é no transcorrer da nossa vida. Aquilo que fizemos no cotidiano
não nos causa tanta emoção quanto o que se faz somente esporadicamente. Se
tomarmos um aperitivo uma ou duas vezes por semana ele nos trará muito mais
satisfação do que se o bebêssemos todos os dias, e isto seria um vício a ser
satisfeito e não um prazer em si. O traidor contumaz não deve ter a mesma
emoção se fizesse deste ato uma exceção da sua vida. Esta atitude, além de
desprezível torna-se perigosa e trabalhosa a sua ocultação. O criminoso tanto
tira vida de seus iguais que com o passar do tempo considera como se fosse um
direito seu praticar este ato hediondo. Somos também muito influenciados pelo
meio em que vivemos. Mesmo que instintivamente, procuramos imitar os que nos
rodeiam. Falamos baixo em um teatro ou em um jantar a luz de velas, mas
elevamos a nossa voz muitos decibéis acima do necessário, se tivermos na mesa
de um bar de terceira categoria onde os outros assim se portam. Isto talvez
explique o comportamento dos nossos políticos quando vão morar em Brasília.
Afonso Pires Faria, 23.01.2016.
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