sábado, 15 de agosto de 2015

DANDO ARMAS AO INIMIGO.


                            Como podemos defender a legalidade, se pedimos o impeachment da presidente, de forma ilegal? Temos que ir as ruas sim, mas para protestar sem motivos específicos. Não temos o direito de pedir que se retire do cargo alguém que, legitimamente, ascendeu a ele. Existem formas legais para se fazer isto e as instituições estão tratando de agir para que isto ocorra. Se continuarmos pedindo a deposição da presidente, de forma irracional, estaremos dando motivos para que eles, da mesma forma, se defendam. No atual modelo político, o povo age materialmente através do voto. Empossado o representante, para apeá-lo do poder, existem outros órgãos responsáveis por isto. Ao povo agora cabe se manifestar, mas sem um motivo específico. Se tivéssemos, quando solicitados, escolhido outra forma de governo, as instituições responsáveis pela deposição de um governo, seriam outras que não o voto, mas não, escolhemos o presidencialismo e a nossa constituição, é que rege as normas de como se deve proceder para substituição de um governo. Fora disso, é golpe. Se eles, no passado, utilizaram-se desta arma para lograr êxito nos seus pleitos, não justifica nós, fazer uso dela também. Muita calma nesta hora.

Afonso Pires Faria, 15 de agosto de 2015. 

Um comentário:

  1. Afonsinho, a materialidade do voto não está sendo discutida. O que, me parece, seja a desconfiança em quem o recebeu. Quem ganhou a eleição tem legitimidade e isso é republicano e democrático, mas se foi fruto de engodo, se foi fruto de mentiras e de desmandos então podemos mudar isso. O que se está pedindo, quando se grita pelo impedimento do Presidente, é que ele prove que não tem responsabilidade. E ISSO QUALQUER GOVERNANTE ESTÁ OBRIGADO A FAZER. Na verdade a intenção do voto, apesar de legitima, é mutável. Quem o recebeu deve merecer e seguir merecendo pois, ao perderem a confiança perde-se o respeito e sem respeito nada funciona. Me parece bem atual esse axioma.

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