É triste, mas temos que admitir que o
fanatismo, somado a ignorância acrescentado de uma pitada de letargia, faz com
que pessoas se desconectem de sua realidade e passem a viver em um mundo paralelo.
Este, na maioria das vezes é desvirtuado pela inocência de quem esta no meio
disto tudo. A retórica da lugar a toda e qualquer outra forma de raciocínio. As
paixões não permitem que separemos o que é lógica do que é desejo. O que é
possível do que é de fato realizável. Desejamos o mal à todos àqueles que um
dia vieram a contrariar um pleito nosso, mesmo que justo, e passamos a
demonizar tudo aquilo que ele, mesmo dentro das normas faça. Não temos pleno
conhecimento de tudo o que acontece nos meandros dos poderes, não vivemos os
seus percalços e suas benesses e mesmo assim nos achamos no direito de
criticá-los. Se uma vez erraram, todos os seus atos serão nefastos. Se estes,
ainda por cima nos contrariaram, pior ainda. Louvam os idiotas, a nossa
Constituição cidadã. Todos os artigos que reivindicam direitos a todo e
qualquer cidadão é endeusado. Pois bem. Se pau que bate em Chico tem que também
bater em Francisco, imaginem então se ele bater nos menos influentes, como
poderemos evitar que também atinjam os poderosos? Está mais do que explícito em
todos os códigos que defendem os acusados, de que este não pode ser
constrangido e sequer obrigado, a produzir, por si, provas contra ele próprio.
Quer coisa mais humana que isso? Só que quando este direito protege aquele a
quem desejamos condenar, tendemos a ignorar este preceito, alegando que o elemento
é nefasto. De fato é. Mas não podemos trocar o pau que bateu no Chico por outro
para bater no Francisco, porque este é nosso desafeto. Se os governadores estão
sendo processados por um órgão estatal, não é outro que vai o chamar e obriga-los
a fazer algo contrario ao que o direito
lhes respalda a não fazê-lo. “Dura lex sed lex”. Que não façamos leis que nos
beneficiem hoje e que nos possam prejudicar amanhã.
Afonso Pires Faria, 10.06.2021.
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