terça-feira, 8 de dezembro de 2020

VALORES DESPREZADOS.

 


Pois morreram duas crianças menores de 10 anos com a cor da pele bem mais escura que a do Beto. Elas foram vítimas de um tiroteio em um morro carioca em que a polícia estava presente, mas não efetuou nenhum disparo. Vamos ver se a turma do “vidas negras importam” farão algum tipo de manifestação, subindo o morro efetuando quebra-quebra e incendiando as propriedades dos responsáveis pelo crime. Que tipo de negritude deve ser respeitada? Que tipo de elemento está autorizado a tirar a vida de negros e ficar impune? Desconfio, devido as evidências que não é a cor da pele da vítima e sim a periculosidade e a causa que defende o infrator que importa. Estes manifestantes de araque são covardes. Não levantaram uma bandeira sequer para protestar contra a morte de crianças inocentes, do sexo feminino e negras. Mas não envidaram esforços para defender um marginal, masculino, pardo.

 

Não quero acreditar que a coisa seja tão simples assim como eu julgo. Não é possível que senhores de conduta ilibada e notório saber jurídico, educados no século passado, não tenham o discernimento necessário para conceituar uma palavra tão simples como “vedada”. Confesso que não ouvi a manifestação dos ministros que contemporizaram o termo como se permitido fosse. Não tenho paciência nem estômago para aguentar a verborragia de tais elementos. As palavras da nossa língua estão ganhando contornos deveras preocupantes. Na falta de condições de enquadrar-se como crime uma atitude, se cria um termo para que ele assim se torne. Já temos tipificados nos nossos códigos penais o crime de calúnia, infâmia, difamação e outros. Mas a mentira não é contemplada como crime; portanto não merece punição. Daí cria-se uma nova nomenclatura, a tal de “fake News”.  Dentro deste balaio cabem varias atitudes que, por determinação de um quase deus supremo das leis, que aqui chamaremos de STF, passou a ser criminalizado. Pena para isso? A que o deus de plantão achar cabível. Estas criações e distorções linguísticas transitam por um terreno pantanoso. O que nos garante que nesta libertinagem hermenêutica, amanhã este tribunal muito superior, não seja provocado para julgar se a permissão de reeleição do Presidente da República possa ser interpretado como vedado, e não permitido? Sim, o oposto já foi discutido e o resultado apertado. Ou foi tudo uma fake News?

Afonso Pires Faria, 05.12. 2020.

 

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