Creio que todos
nós somos um suicida em potencial. Muitos já pensaram em solucionar seus
problemas de forma radical. A maioria dos que morrem afogados não teriam
perdido a vida se tivessem sobriedade e calma. Por mais inteligente, sóbrio e
lógico que seja o sujeito o somatório de seus problemas podem leva-lo a uma
atitude extremada. O copo não só transborda porque recebeu um volume excessivo
de líquido de uma só vez, ele pode perder o todo do seu conteúdo por outros
motivos. Se houver uma frequente alimentação por um longo período de tempo, ou
se um evento externo e/ou extemporâneo ocorrer precipitando o fato. E quem
pensa que somente de forma violenta e rápida se soluciona o problema via
suicídio pode estar errado. Alguns morrem aos poucos perdem a liberdade, a
dignidade, a honra, os bens, o respeito e de tanto perder as coisas mais nobres
de um ser humano, terminam por ele próprio, aos poucos, cometer o crime contra
si mesmo. De gota em gota o copo enche. Uma enxurrada também o transborda, mas
se alguém, mesmo de forma involuntária o empurra, ele perderá todo o seu
conteúdo interno. Quem fará isso, de que forma e com que frequência ninguém
sabe. Somente nos daremos conta de todo o enredo quando não houver mais o que
fazer. Em cada um de nós existe sim um suicida prestes a agir, por isso temos
que nos cuidar para não sermos o agente que colocará a última gota, nem o que
abrirá a torneira que encherá o copo tampouco o que, de forma proposital ou
descuidada vire-o.
Afonso Pires Faria, 15.02.01.2020.
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