sábado, 15 de fevereiro de 2020

QUANDO O COPO TRANSBORDA.


Creio que todos nós somos um suicida em potencial. Muitos já pensaram em solucionar seus problemas de forma radical. A maioria dos que morrem afogados não teriam perdido a vida se tivessem sobriedade e calma. Por mais inteligente, sóbrio e lógico que seja o sujeito o somatório de seus problemas podem leva-lo a uma atitude extremada. O copo não só transborda porque recebeu um volume excessivo de líquido de uma só vez, ele pode perder o todo do seu conteúdo por outros motivos. Se houver uma frequente alimentação por um longo período de tempo, ou se um evento externo e/ou extemporâneo ocorrer precipitando o fato. E quem pensa que somente de forma violenta e rápida se soluciona o problema via suicídio pode estar errado. Alguns morrem aos poucos perdem a liberdade, a dignidade, a honra, os bens, o respeito e de tanto perder as coisas mais nobres de um ser humano, terminam por ele próprio, aos poucos, cometer o crime contra si mesmo. De gota em gota o copo enche. Uma enxurrada também o transborda, mas se alguém, mesmo de forma involuntária o empurra, ele perderá todo o seu conteúdo interno. Quem fará isso, de que forma e com que frequência ninguém sabe. Somente nos daremos conta de todo o enredo quando não houver mais o que fazer. Em cada um de nós existe sim um suicida prestes a agir, por isso temos que nos cuidar para não sermos o agente que colocará a última gota, nem o que abrirá a torneira que encherá o copo tampouco o que, de forma proposital ou descuidada vire-o.
Afonso Pires Faria, 15.02.01.2020.


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