sábado, 18 de janeiro de 2020

OS SONHOS.


Falam os entendidos, que todos nós sonhamos vários sonhos durante o sono, mas que pouco nos lembramos deles apos despertos. Ao ter este conhecimento, procurei me ater mais a este fenômeno e, pela manhã, fazer um esforço para me lembrar do que havia sonhado. Perfeito. Lembrei-me de vários deles assim que me detive a me dedicar a esta tarefa, logo ao acordar. Fui me dedicando mais a esta arte de lembrar os devaneios noturnos que resolvi aprimorar esta tarefa. Comecei a interferir neles.  Quando estava sonhando, muitas vezes eu tinha consciência de que aquilo não era realidade e me incorporava à cena, para tirar proveito dela. Comecei a alterar o curso da história sonhada de forma a me vingar de alguns desafetos que, por ventura aparecessem nos episódios sonhados. Foi muito gratificante. Alguém de quem eu não tinha muita simpatia as vezes sofria algum acidente doméstico, outros sofriam ferimentos, brigavam com amigos ou parentes e por aí eu me vingava de forma indolor para os inimigos, mas que me causavam algum conforto. Fui incrementando as minhas maldades. Causei um acidente com um cidadão que me trouxe prejuízos pecuniários em uma negociação, e não satisfeito, o internei em um leito hospitalar em estado deplorável. Eu era o enfermeiro e o médico que o tratava. Podia no meu sonho, vê-lo sofrendo e pedindo clemência. Divertia-me muito com os fatos sonhados  até que um dia, eu vi que a minha primeira intervenção havia se confirmado. Os iniciantes eram de danos de pequena monta, apenas pecuniários, mas quando percebi as efetivas realizações dos meus desejos ocultos, tentei reverter, em vão, o curso dos acontecimentos. E, vendo que não podia mais alterar os fatos que iriam ocorrer, restou a mim  divertir-me com eles. Pude então visitar, não como médico, mas como “amigo”, o sujeito a que eu propiciei o acidente. De fato ele estava em estado de miséria e digno de pena, sim, de pena de outros, mas eu não pude conter o meu prazer de vingança.
Afonso Pires Faria, 18.01.2020.

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