O número excessivo de leis elaboradas no nosso país, feitas
mais para agradar algum segmento da população do que para beneficiar, de fato a
sociedade e proteger os cidadãos, faz com que muitas delas sejam descumpridas,
ignoradas ou mesmo desprezadas. De acordo com a conveniência, aplica-se com
mais rigor alguma lei, deixando-se totalmente inócua outras que possuem a mesma
hierarquia. No afã de se fazer justiça, a sociedade agarra-se em uma ou outra
lei que atenda aos moralistas de plantão. É difícil atender a todos ficando
dentro das normas legais. As leis muitas vezes se conflitam, pois foram feitas
para atender os desejos do momento. Liberdade de imprensa, vilipêndio e
racismo, por exemplo, não poderão ser atendidas nos mesmos pleitos. O episódio
do “porta dos fundos” atribuindo pendores homossexuais a Jesus Cristo, trouxe à
baila este conflito legal. A liberdade de imprensa permite que eles infrinjam a
lei de vilipêndio? Uma se sobrepõe a outra? Se a manifestação é livre, que se
anule a lei que incrimina a manifestação sobre aquele assunto de forma
desrespeitosa. Mas e o desrespeito fosse de forma racista, teria o público
relativizado da mesma forma que o fez referente ao vilipêndio? Não que o caso
não tenha tido repercussão, mas causou dúvidas, o que certamente não ocorreria
se o crime fosse de o segundo. A hipocrisia é assustadora no nosso país. Espero
que aos poucos este tipo de atitude desconectada da realidade, vá aos poucos se
dissipando com o novo governo que age de forma mais pragmática do que emocional.
Afonso Pires Faria,
12.01.2020.
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