terça-feira, 11 de novembro de 2014

DE LÁ PARA CÁ.


Conta-se que em uma pequena cidade do interior deste meu Brasil havia anualmente uma competição para saber qual agricultor colhia a maior espiga de milho na sua propriedade. Estranhamente era sempre o mesmo agricultor que ganhava o prêmio, e em comemoração à vitória, brindava todos os seus vizinhos com a semente da espiga vencedora. Um dia questionado de como é que ele conseguia sempre vencer, e  porque de fazer a distribuição da melhor semente, uma vez que estaria, de certa forma contribuindo com os futuros adversários. Respondeu ele que uma coisa era consequência da outra, com os vizinhos com uma lavoura de alta qualidade a sua receberia uma polinização também de alta qualidade.
As coisas migram de um local para o outro em pequenas e grandes distâncias. Se copia as coisas que estão dando certo em uma cidade vizinha, assim como um estado pode adotar medidas promissoras tomadas por outro dentro de um país. Assim também as ideologias vão se aperfeiçoando e os governos adotando políticas que deram certas em determinados países ou continentes.
Estranho, porém, é quando copiamos algo que não deu certo. E isto está acontecendo, e bem embaixo do nosso nariz, quem que alguns se deem conta disto. Quando caiu o muro de Berlim em 1989, e tivemos a impressão do fracasso de um modelo que ceifou vidas tanto pela miséria quanto pela tentativa de fuga do regime, o nosso glorioso Luís Inácio, juntamente com o visionário Fidel Castro, tiveram a brilhante ideia de criar o Foro de São Paulo com a função precípua de recuperar na América Latina o que foi perdido no leste europeu.
O que lá se perdeu? Todos sabem, ou deveriam saber ou pelo menos perceber que, se houve só comemoração por parte tanto do lado oriental quanto ocidental daquela cidade, o que se perdeu não foi algo a se lamentar, mas nós estamos trazendo para cá. Certamente a nossa lavoura não será fertilizada com pólen de boa cepa. Eles se livraram das plantas de má qualidade e nós às estamos recebendo de braços abertos. Pobre continente o nosso, pobre país em que vivemos.

Afonso Pires Faria – 11.11.2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário