sábado, 6 de setembro de 2014

PERDI O MEU TEMPO


Durante os meus primeiros anos escolares fui obrigado a aprender muitas coisas que hoje estão caindo em desuso. Dizem que a linguagem é dinâmica, que as expressões mudam, se adaptam a modernidade e se aceita a linguagem coloquial no lugar da culta em determinadas ocasiões. Concordo que a erudição extremada torna a nossa comunicação muitas vezes incompreensível, mas não podemos também estuprar a nossa língua e simplifica-la a ponto de, em breve, estarmos usando grunhidos e urros para nos comunicarmos.
Estamos simplesmente eliminando do nosso vocabulário os pronomes pessoais. Quanto tempo eu perdi aprendendo a entendê-los e a conjugar os verbos. Eu, tu, ele, nós, vós, eles. Presente, passado, futuro, pretérito perfeito, imperfeito do indicativo, e por aí vai. Pois não é que um gênio da linguística moderna resolveu todo o problema! Criou a expressão “A gente”. Pronto. Agora tudo é “a gente”. Este recurso, creio, poderia ser utilizado eventualmente, e somente em linguagem de periferia. Mas não. Ela incorporou-se ao nosso vocabulário, creio que definitivamente em todos os meios de comunicação.
Tentem observar o número de vezes que esta expressão é utilizada por comunicadores da grande mídia. São no mínimo dez usos por cada minuto. Se for jogador de futebol, que eu penso deveria ser proibido fazer uso da palavra, para não emburrecer ainda mais o nosso povo, o índice sobe para vinte, e não a cada minuto, mas a cada trinta segundos.

Pois é, perdi meu tempo aprendendo a conjugar verbos que hoje poderiam, todos eles, ser substituídos por o “A gente”. Ouvi uma apresentadora de TV, agora mesmo pronunciar que: - a gente esta falando de.....e a  gente volta em seguida, porque a gente esta muito preocupada......É o fim.

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