Durante
os meus primeiros anos escolares fui obrigado a aprender muitas coisas que hoje
estão caindo em desuso. Dizem que a linguagem é dinâmica, que as expressões
mudam, se adaptam a modernidade e se aceita a linguagem coloquial no lugar da
culta em determinadas ocasiões. Concordo que a erudição extremada torna a nossa
comunicação muitas vezes incompreensível, mas não podemos também estuprar a
nossa língua e simplifica-la a ponto de, em breve, estarmos usando grunhidos e
urros para nos comunicarmos.
Estamos
simplesmente eliminando do nosso vocabulário os pronomes pessoais. Quanto tempo
eu perdi aprendendo a entendê-los e a conjugar os verbos. Eu, tu, ele, nós,
vós, eles. Presente, passado, futuro, pretérito perfeito, imperfeito do
indicativo, e por aí vai. Pois não é que um gênio da linguística moderna
resolveu todo o problema! Criou a expressão “A gente”. Pronto. Agora tudo é “a
gente”. Este recurso, creio, poderia ser utilizado eventualmente, e somente em
linguagem de periferia. Mas não. Ela incorporou-se ao nosso vocabulário, creio
que definitivamente em todos os meios de comunicação.
Tentem
observar o número de vezes que esta expressão é utilizada por comunicadores da
grande mídia. São no mínimo dez usos por cada minuto. Se for jogador de
futebol, que eu penso deveria ser proibido fazer uso da palavra, para não
emburrecer ainda mais o nosso povo, o índice sobe para vinte, e não a cada
minuto, mas a cada trinta segundos.
Pois é, perdi meu tempo
aprendendo a conjugar verbos que hoje poderiam, todos eles, ser substituídos
por o “A gente”. Ouvi uma apresentadora de TV, agora mesmo pronunciar que: - a
gente esta falando de.....e a gente volta em seguida, porque a gente esta muito
preocupada......É o fim.
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