Invadiu
o templo sagrado que tem sua inviolabilidade assegurada pela nossa lei maior, a
CF. Se a lei é ou não justa, depende do credo de cada um. Mas o Brasil é um
país cristão e suas leis defendem a liberdade de culto e criminalizam o seu
vilipêndio. A simples manifestação de um Deputado em desejar cometer um ato incivilizado,
garantiu-lhe a cassação do mandato, com a covarde conivência de seus pares. O
problema no nosso país é a desproporcionalidade das penas imputadas aos
infratores, dependendo do lado que ele está. Se a favor ou contra a ideologia
do juiz que o julga. A lógica, foi jogada na lata do lixo e está sendo usada
diametralmente ao oposto do que a civilidade orienta. Se foi espancado e é
negro, vale o lema de que “vidas negras importam”, desde que o elemento
agredido seja um infrator. Se foi um fora da lei que agrediu um cidadão de bem,
o discurso é invertido. O vereador Renato Freitas, deliberadamente não só
cometeu um ato criminoso como também induziu outros a segui-lo. Usou de seu
cargo e influência para que outros também agissem ao arrepio da lei. Não é
esta, decididamente, a função de um representante do povo, muito antes pelo
contrário. Pessoas com grande visibilidade nacional já tomaram posição a favor de
Renato. Lula foi um que advogou a seu favor, penitenciando-o com um simples
pedido de desculpas e seu obrigatório perdão. A fragilidade dos argumentos
utilizados na defesa do edil são proporcionais a índole dos que fazem uso
delas. Argumentos frágeis de pessoas vis. A cor da bandeira que os agressores
empunhavam representava explicitamente o que eles desejavam. O sangue derramado
por cristãos, vítimas da ideologia por eles defendida, parece ainda não ter
saciado a sua sede. O vereador é negro, se não fosse, seria gay, gordo ou
qualquer outro estereótipo que pudesse ser usado para justificar seus crimes. Cor
da pele e/ou orientação sexual não é salvo-conduto para se cometer crimes,
muito menos para induzir alguns inocentes a seguir a sua índole. O motivo alegado, em muito pouco ou nada tem a
ver com a forma nem o local escolhido para pedirem a “justiça deles”. O local
do fato que ocasionou o protesto foi diferente, e precisamos de muito
malabarismo retórico para podermos ligar a vítima aos vitimados pelo protesto. Quantas
CPIs seriam solicitadas, se o caso fosse de um bolsonarista que tivesse
invadido um culto afro, para defender o assassinato de um policial que abordou
um traficante armado de fuzil? Neste caso, não seria a invasão o ato de
protesto e sim a celebração de uma missa. Mas os bárbaros são incapazes de agir
civilizadamente. Estaria mesmo o povo tão idiotizado, que aceita este tipo de
barbaridade como se fosse algo lógico?
Texto
publicado na revista DIREITABR, página 55. Assinem a Revista. É de graça e
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Compactuo com tua indignação
ResponderExcluirIndignação é o que nos resta?
ResponderExcluirPERFEITO
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