sexta-feira, 3 de agosto de 2018

MUDANÇA DIFÍCIL.

Parafraseando o senhor Carlos Lacerda quando da candidatura de Getúlio Vargas, faço uma analogia ao candidato Jair Bolsonaro. Por motivos totalmente diversos a citação do governador da Guanabara, hoje faz sentido. Disse ele em relação a Getúlio: “O Sr. Getulio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”. Tragamos para o presente tal frase e adaptemo-la a situação do candidato do PSL. Não devia ser candidato, pois não tem um partido forte para representa-lo e seu passado de envolvimento com polêmicas politicamente incorretas como racismo, homofobia e outros, o torna impopular o suficiente para ser descartado para concorrer ao mais alto cargo da república diante de um eleitorado com uma visão pouco profunda do que, de fato representa ser presidente da nação.  Já é candidato agora, mas este é o primeiro passo. Vamos aos demais. Não deve ser eleito. Pelo motivo acima citado de ter sido classificado como defensor de causas impopulares, qualquer demagogo consegue convencer um eleitor com o primeiro grau incompleto de que o simples fato de ser acusado de ser, já o é. E o eleitorado com esta pouca escolaridade, representa mais de 25% deles. Some-se a estes os fanáticos defensores das causas e pronto. Lá se foi a eleição do “mito”. De todas as agruras a ser enfrentada, a de tomar posse será a mais fácil de suplantar isto se todas as evidências forem contrariadas.  Empossado não governará. Impossível aprovar um projeto em um parlamento com quase 600 elementos dos quais mais da metade somente lá está por puro interesse, e que se não atendidos viram inimigo do rei. A menos que ocorra um milagre, ou a eleição, ou a governabilidade de Jair Messias Bolsonaro está fadada ao fracasso.

O êxito do mágico está em ele desviar a atenção do espectador para o acessório enquanto manipula o principal, e este não está tendo a devida atenção. Por isto a mágica é bem sucedida. Cria-se uma frase de efeito verdadeira e associa-se a ela uma opção falsa. Pronto está realizado o engano ao eleitor. É assim também o silogismo e as tergiversações. Assim estão agindo àqueles que vendo a impossibilidade de se eleger, frente a impostura que os partidos fizeram para dominar as verbas lhes destinadas pelo “governo”. Argumentam que tem que renovar, o que é uma verdade, mas daí grudam que se não renovar tudo, é o mesmo que não renovar nada, pois alegam que existem muitos atuais parlamentares envolvidos em crimes e portanto todos devem ser excluídos da vida parlamentar. Tirar de lá um mau deputado para se colocar no lugar um  novo, pode parecer um bom negócio, agora tirar um bom deputado para colocar no seu lugar outro de conduta duvidosa, não surtirá o efeito esperado. Isto eu garanto. Ser novo é o acessório, o principal é ser competente e honesto. Tem muita gente assim no nosso parlamento, é só saber escolher.

Afonso Pires Faria, 03.08.2018. 

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