Parafraseando
o senhor Carlos Lacerda quando da candidatura de Getúlio Vargas, faço uma
analogia ao candidato Jair Bolsonaro. Por motivos totalmente diversos a citação
do governador da Guanabara, hoje faz sentido. Disse ele em relação a Getúlio: “O
Sr. Getulio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato,
não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à
revolução para impedi-lo de governar”. Tragamos para o presente tal frase e
adaptemo-la a situação do candidato do PSL. Não devia ser candidato, pois não
tem um partido forte para representa-lo e seu passado de envolvimento com
polêmicas politicamente incorretas como racismo, homofobia e outros, o torna
impopular o suficiente para ser descartado para concorrer ao mais alto cargo da
república diante de um eleitorado com uma visão pouco profunda do que, de fato
representa ser presidente da nação. Já é
candidato agora, mas este é o primeiro passo. Vamos aos demais. Não deve ser
eleito. Pelo motivo acima citado de ter sido classificado como defensor de
causas impopulares, qualquer demagogo consegue convencer um eleitor com o primeiro
grau incompleto de que o simples fato de ser acusado de ser, já o é. E o
eleitorado com esta pouca escolaridade, representa mais de 25% deles. Some-se a
estes os fanáticos defensores das causas e pronto. Lá se foi a eleição do
“mito”. De todas as agruras a ser enfrentada, a de tomar posse será a mais
fácil de suplantar isto se todas as evidências forem contrariadas. Empossado não governará. Impossível aprovar
um projeto em um parlamento com quase 600 elementos dos quais mais da metade
somente lá está por puro interesse, e que se não atendidos viram inimigo do
rei. A menos que ocorra um milagre, ou a eleição, ou a governabilidade de Jair
Messias Bolsonaro está fadada ao fracasso.
O êxito do mágico está em ele desviar a atenção do espectador
para o acessório enquanto manipula o principal, e este não está tendo a devida
atenção. Por isto a mágica é bem sucedida. Cria-se uma frase de efeito
verdadeira e associa-se a ela uma opção falsa. Pronto está realizado o engano
ao eleitor. É assim também o silogismo e as tergiversações. Assim estão agindo
àqueles que vendo a impossibilidade de se eleger, frente a impostura que os
partidos fizeram para dominar as verbas lhes destinadas pelo “governo”.
Argumentam que tem que renovar, o que é uma verdade, mas daí grudam que se não
renovar tudo, é o mesmo que não renovar nada, pois alegam que existem muitos
atuais parlamentares envolvidos em crimes e portanto todos devem ser excluídos
da vida parlamentar. Tirar de lá um mau deputado para se colocar no lugar
um novo, pode parecer um bom negócio,
agora tirar um bom deputado para colocar no seu lugar outro de conduta
duvidosa, não surtirá o efeito esperado. Isto eu garanto. Ser novo é o
acessório, o principal é ser competente e honesto. Tem muita gente assim no
nosso parlamento, é só saber escolher.
Afonso Pires Faria, 03.08.2018.
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