Entrevista realizada
com o juiz Sérgio Mauro.
- Repórter: O senhor
tem sido alvo de muitas críticas pelo modo em que vem conduzindo a operação
Limpa Tudo. Quem são estes críticos?
- Sérgio Mauro: São
todos.
- R: Como assim?
- SM: O grupo que me
critica é o mesmo que me apoia. Quanto ajo para impedir a delinquência de um
determinado elemento que pertence ao grupo “T”, os “M”, os “S” e os demais “Ds”
me defendem. Está ficando muito difícil de agir. O grupo que me critica é
diverso. Não tenho e não procuro agradar a nenhum deles, muito embora alguns me
tenham como herói. Não sou. Estou apenas cumprindo com a minha obrigação.
Muitos profissionais no mesmo nível em que me encontro, seriam capazes de fazer
o mesmo que eu faço.
- R: Mas e a quem
interessa a ação destes grupos?
- SM: Aos criminosos.
Enquanto houver militância burra, que eles chamam e/ou tratam como gado, haverá
impunidade neste país. O povo que, ou endeusar e incriminar ora um, ora outro,
por não atender exclusivamente os interesses de determinado grupo, estará a
prestar um enorme desserviço a nação como um todo.
R: Porque o povo age
assim e como evitar este nefasto comportamento?
- SM: O povo age assim
por ser ignorante e fanático. Ficam cegos debatendo-se uns contra os outros
deixando o inimigo livre para agir. São poucos os que se deram conta disso, mas
quando tentam alertar seus pares, são chamados de traidores da causa. Causa
esta que nem eles mesmos sabem qual é, pois no nosso país não existem partidos
políticos com ideologias claramente definidas. A prova é o infinito número
deles.
R: E para evitar?
-SM: Para evitar,
teríamos que entrar no túnel do tempo e rever toda a nossa forma de educação no
país, mas como isto é impossível, recomendo a leitura de três obras básicas,
que, se não evitam, pelo menos deve clarear um pouco, a ideia do gado. Lendo-se
“O Príncipe” de Maquiavel, “A Arte da Guerra” de Sun Tzu e “As 48 Leis do
Poder” de Roberto Greene, não vou garantir que se aprenda tudo na arte da
política, mas pelo menos se terá uma noção de como os bandidos agem para
enganar um povo que não prime pelo conhecimento desta arte.
-R: O senhor tem
esperanças de obter êxito nesta sua operação?
- SM: Dependendo do
que for o conceito de êxito, sim, mas o resultado, dificilmente será coroado de
muito sucesso. Veja o desdobramento da operação “Boi Barrica” e do “Mensalão”. Neste,
alguns presos, mas seus tentáculos seguiram agindo com maior intensidade ainda,
e no primeiro nem prisões houve. De lá para cá, em que melhorou a educação e a
consciência política do nosso povo? Muito pouco não é mesmo? Portanto o
resultado também será muito pouco melhor do que o das operações anteriores.
Quem sabe as subsequentes lograrão algum êxito.
- R: Como?
- SM: O povo deixando
este maniqueísmo burro, esta dicotomia que existe entre nós e eles, e se dar
conta de que existem sim os outros, mas estes não estão entre as massas que
lutam entre si e sim encastelados em 3 praças de uma cidade artificial que só
existe em um país do mundo.
PS: Qualquer semelhança de
nomes, lugares e fatos são meras coincidências.
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